Serpieri costuma dizer que a saga de Druuna nasceu de um pesadelo que ele teve certa noite. “Neste sonho eu me encontrava em uma grande sala, um grande espaço cheio de detritos, com escada caracóis que desciam para um tipo de cidade subterrânea, de onde emergiam seres monstruosos e gritos aterrorizantes”, recordou. Segundo ele, havia uma grande porta de vidro que o impedia de sair.
Os monstros, aparentemente imóveis, aproximavam-se dele de forma ameaçadora. “Era uma sensação terrível. Eu tive então a idéia de contar (em quadrinhos) a história de uma cidade que tinha diferentes níveis, como o inferno embaixo repleto de monstros e, no alto, um tipo de paraíso representando a saúde”. Num primeiro momento, planejou o artista, a personagem feminina não deveria ser a figura principal da trama, mas quando Druuna entrou na história, tomou o poder do roteiro esboçado e terminou por se impor ao criador.
Os monstros, aparentemente imóveis, aproximavam-se dele de forma ameaçadora. “Era uma sensação terrível. Eu tive então a idéia de contar (em quadrinhos) a história de uma cidade que tinha diferentes níveis, como o inferno embaixo repleto de monstros e, no alto, um tipo de paraíso representando a saúde”. Num primeiro momento, planejou o artista, a personagem feminina não deveria ser a figura principal da trama, mas quando Druuna entrou na história, tomou o poder do roteiro esboçado e terminou por se impor ao criador.
Vejam isto: Alguns quadros que ilustram uma pequena história criada por Serpieri em 1981 chamada “In his likeness”
(pré-Druuna, conclui-se que seria um rascuho do que viria a ser a série...)
(pré-Druuna, conclui-se que seria um rascuho do que viria a ser a série...)
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De acordo com o sonho de Serpieri, Druuna seria uma morena, o tipo de mulher que ele mais admira. Sua aparência teria também um pouco da mulher indígena, de pele avermelhada, como as que vivem na América. Acumularia outro tanto da mulher mediterrânea, das moças brasileiras e da garota latina em geral.
Seria cheia de curvas e despertaria o desejo dos que a encontrassem pelo caminho. “Na verdade, eu não queria uma mulher de papel, mas uma mulher de verdade. Por isso, tentei fazê-la na tridimensionalidade, para que ela saltasse do papel e produzisse um processo de interação com o leitor. Acho que tenho atingido esse objetivo”. Para o autor, a personagem tem elementos de sedução que estão claramente associados à anatomia feminina, como o desenho das costas, do quadril e das pernas.
Seria cheia de curvas e despertaria o desejo dos que a encontrassem pelo caminho. “Na verdade, eu não queria uma mulher de papel, mas uma mulher de verdade. Por isso, tentei fazê-la na tridimensionalidade, para que ela saltasse do papel e produzisse um processo de interação com o leitor. Acho que tenho atingido esse objetivo”. Para o autor, a personagem tem elementos de sedução que estão claramente associados à anatomia feminina, como o desenho das costas, do quadril e das pernas.
E quanto à forma fisica que deu à personagem? Quando assinou contrato com a editora brasileira Heavy Metal para a publicação de Druuna em 1994, Serpieri mandou um recado por escrito a seu público:”Caro leitor brasileiro: A minha Druuna é brasileira, tenho certeza de encontrá-la mesmo aí!...Irei o mais cedo possível! Tchau!” Ao criar sua heroína, talvez o artista tenha realmente pensado que o Brasil seria um dos países com mais potencial de sucesso para ela.
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A obsessão pela bunda feminina que se tornou parte da cultura nacional brasileira – comparável à dos portugueses e dos italianos, mas numa dimensão bem maior por questões óbvias. A bunda é uma preferência popular da qual Druuna tem de sobra, com tudo que qualquer homem sempre sonhou, só que superdimensionado.
O fato de ter copiado num de seus portfólios uma pose da modelo brasileira Ana Lima, publicada na Playboy nacional e reproduzida em várias edições internacionais da revista, levou alguns a afirmarem que a moça fora uma das principais referências de Serpieri. Não é verdade. Quando as fotos saíram na revista, Druuna já era conhecida dos leitores de boa parte do mundo.
O fato de ter copiado num de seus portfólios uma pose da modelo brasileira Ana Lima, publicada na Playboy nacional e reproduzida em várias edições internacionais da revista, levou alguns a afirmarem que a moça fora uma das principais referências de Serpieri. Não é verdade. Quando as fotos saíram na revista, Druuna já era conhecida dos leitores de boa parte do mundo.
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O próprio artista declarou em diversas oportunidades essa provável influência, mas sem precisá-la. Como se tivesse esquecido que sua inspiração fora uma italiana vista na rua, como foi dito antes, ele observou:” Certa vez, na Espanha, vi uma beldade com um mini-biquíni emergindo do mar, numa praia.Ela passou por mim. Voltei-me e confirmei que ela tinha um dos mais belos bumbuns que já vi. Tive a certeza que ela era uma brasileira. Veio de sopetão a idéia de criar uma linda jovem assim – pura, num ambiente decadente. Nasceu, nesse dia, Druuna!”
Noutra entrevista disse que, quando começou a desenhar a série, recorreu não a mulheres reais, mas a imagens que tinha acumulado na memória. E voltou a lembrar o Brasil. “Meus desejos e lembranças a construíram: uma mulher de cabelos escuros, gostosa e voluptuosa. Sou apaixonado pelos índios e achei que a jovem devesse ter um pouco os traços dos nativos da América. Percebi, então, que estava desenhando uma brasileira.” Ele voltou a falar da influência brasileira depois: “Druuna está repleta de elementos brasileiros em suas características físicas.”
Fala-se também como principal referência física de Druuna a atriz de cinema Valérie Kaprisky, no filme “La Femme Publique”, do diretor Andrzej Zulawsky, lançado em 1984. Mas sua construção resultou, pode-se dizer da combinação de várias imagens femininas. Parte das referências visuais da personagem também veio do recurso de Serpieri em recorrer a modelos (nota: observem que até agora não foi citado o uso de computador...)
Noutra entrevista disse que, quando começou a desenhar a série, recorreu não a mulheres reais, mas a imagens que tinha acumulado na memória. E voltou a lembrar o Brasil. “Meus desejos e lembranças a construíram: uma mulher de cabelos escuros, gostosa e voluptuosa. Sou apaixonado pelos índios e achei que a jovem devesse ter um pouco os traços dos nativos da América. Percebi, então, que estava desenhando uma brasileira.” Ele voltou a falar da influência brasileira depois: “Druuna está repleta de elementos brasileiros em suas características físicas.”
Fala-se também como principal referência física de Druuna a atriz de cinema Valérie Kaprisky, no filme “La Femme Publique”, do diretor Andrzej Zulawsky, lançado em 1984. Mas sua construção resultou, pode-se dizer da combinação de várias imagens femininas. Parte das referências visuais da personagem também veio do recurso de Serpieri em recorrer a modelos (nota: observem que até agora não foi citado o uso de computador...)
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Só que de forma indireta, a partir da fotografia, uma vez que o artista não desenha com mulheres ao vivo. “Eu utilizo modelos de tempos em tempos para pesquisas gerais sobre a anatomia, mas não para fazer os quadrinhos. Pessoalmente, tiro muitas fotos, sobretudo em preto e branco, para observar sombras e luzes. Fotografei muito minha companheira, mas jamais a expus – é necessária sua autorização, o que está longe de ser conseguido.”
A origem de seu nome trouxe algumas curiosidades. “Pensei em Bruna, que quer dizem morena. Pensei também em Luna, na beleza e na sedução do nosso satélite natural”. O duplo “u” entrou para carregar na musicalidade – uma vez que resultou num nome sonoro. De acordo com o desenhista, a palavra Druuna veio dos livros sobre os celtas que ele lia na época em que a criou.
Serpieri ficou encantado quando viu que uma das tribos se chamava os Druunis e resolveu aproveitar o termo. “Eu achei interessante o paradoxo entre a realidade de Druuna e a lembrança desse mundo antigo. Seu nome evoca também a lua, as dunas, as morenas. E eu gosto muito das morenas...”
A origem de seu nome trouxe algumas curiosidades. “Pensei em Bruna, que quer dizem morena. Pensei também em Luna, na beleza e na sedução do nosso satélite natural”. O duplo “u” entrou para carregar na musicalidade – uma vez que resultou num nome sonoro. De acordo com o desenhista, a palavra Druuna veio dos livros sobre os celtas que ele lia na época em que a criou.
Serpieri ficou encantado quando viu que uma das tribos se chamava os Druunis e resolveu aproveitar o termo. “Eu achei interessante o paradoxo entre a realidade de Druuna e a lembrança desse mundo antigo. Seu nome evoca também a lua, as dunas, as morenas. E eu gosto muito das morenas...”
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Um pequeno esqueminha para a escrita celta.
Se fôssemos escrever a palavra “Godess”, por exemplo, ficaria assim:
Se fôssemos escrever a palavra “Godess”, por exemplo, ficaria assim:
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O título do primeiro episódio, “Morbus Gravis”, foi a denominação dada pelo artista à peste que infectou o mundo druunaniano. “Morbos” significa “o mal”, lembrava o toque de morbidez que queria dar à trama. Inicialmente, esse deveria ser o título em francês, mas o desenhista preferiu a denominação do latim, que quer dizer “mal cruel” ou, ainda, “a peste”. Já o nome do sempre mutável namorado Shastar nasceu também da história céltica. A palavra quer dizer um ser de imagem misteriosa, heróica, muito complexa e atormentado, que intervém todas as vezes nas histórias, como se fosse um ponto de referência.
Existiu uma relação entre a idéia de inclusão da doença contagiosa do planeta de Druuna com o pânico provocado pelo surgimento do vírus da Aids, que tinha acabado de ser identificado no momento em que Serpieri começava a esboçar a primeira aventura de sua heroína. “Havia subjacente essa idéia de punição, de mal absoluto e incurável, ligado ao prazer e ao pecado, segundo a definiçao que lhe deu a Igreja”, recordou o artista.
Existiu uma relação entre a idéia de inclusão da doença contagiosa do planeta de Druuna com o pânico provocado pelo surgimento do vírus da Aids, que tinha acabado de ser identificado no momento em que Serpieri começava a esboçar a primeira aventura de sua heroína. “Havia subjacente essa idéia de punição, de mal absoluto e incurável, ligado ao prazer e ao pecado, segundo a definiçao que lhe deu a Igreja”, recordou o artista.
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Para ele, nesse contexto de fatalidade, Druuna aparecia para representar a vida, algo que é tipicamente feminino, uma vez que a mulher, a partir de seu ventre, dá continuidade à existência e traz, por esse meio, a esperança de que tudo poderia se recompor no futuro. Não por acaso, ela encontrou sempre uma solução para os muitos problemas que surgiram em seu caminho. Ao homem, nesse contexto, restou freqüentemente, estar encurralado, porque ele é, no fundo, o ser mais frágil, dentro do raciocínio do artista.
Essa admiração de Serpieri pelo sexo feminino tem muito a ver com a personalidade do artista, como ele fez questão de ressaltar em suas entrevistas. “Minha vida depende inteiramente destas criaturas, mas eu não sou desses italianos para quem o amor desmedido da mulher o remete de fato à mãe, à figura que permanece na companhia de sua vida. Eu não fabrico uma idéia de mesa de caça, eu não suporto que as mulheres sejam resumidas a uma idéia de posse ou de dominação”. O reflexo disso apareceu com bastante evidência na personalidade de Druuna, habilidosa na relação com os homens para evitar que a tratassem com subserviência ou de modo violento.
Bem, vou adiar minha promessa dos álbuns para download para outro momento...Devido ao box do Ozzy, não deu tempo para hospedar mais nada...
Até mais!!
Essa admiração de Serpieri pelo sexo feminino tem muito a ver com a personalidade do artista, como ele fez questão de ressaltar em suas entrevistas. “Minha vida depende inteiramente destas criaturas, mas eu não sou desses italianos para quem o amor desmedido da mulher o remete de fato à mãe, à figura que permanece na companhia de sua vida. Eu não fabrico uma idéia de mesa de caça, eu não suporto que as mulheres sejam resumidas a uma idéia de posse ou de dominação”. O reflexo disso apareceu com bastante evidência na personalidade de Druuna, habilidosa na relação com os homens para evitar que a tratassem com subserviência ou de modo violento.
Bem, vou adiar minha promessa dos álbuns para download para outro momento...Devido ao box do Ozzy, não deu tempo para hospedar mais nada...
Até mais!!
6 comentários:
Neide, legal o post do Serpieri. Não conheço muito bem os artistas deste estilo mas ele é um mestre. Qdo passar no "pequenas imagens" dá uma olhada no trabalho do Jesse Santos. É incrível, apesar de ser uma só página, mas vale a pena. Adorei o post do Madman. Beijo.
Olá, Neide!
Poxa, mto legal a postagem. Tbm cheguei a pensar que Serpieri teria se inspirado em Ana Lima pra criar a personagem... logo se vê q pelo menos 90% e mais um pouco do que se lê na net, sem preocupações com pesquisas e nada, leva ao engano... :(
Nunca vi, exatamente, páginas inteiras de Druuna... apenas algumas imagens pela net. Realmente, o cara desenhar MUITO!!!
... realmente, Druuna é uma aula de anatomia e arte manual! Nesses tempos em que os desenhistas abusam do photoshop, painter, e outros recursos que qq técnico pode usar (basta um rascunho tosco, mandar ver no photoshop e voilà: saindo um desenho "fenomenal"!), um cara como o Serpieri permanece mostrando ao mundo como se desenha!
Enfim... excelente postagem o/
Abração
Druuna é uma inspiração de fêmea.
Serpieri é demais! caramba, eu tinha aquele primeiro gibi lá em cima!!! Alguém me roubou!!! Coloca um post sobre o Druillet!! E sobre o Alex Toth!! Maravilhoso!!
Ana Lima... como é possível ela existir?
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