"O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo." ( Friedrich Nietzsche )

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Divulgando a Nova Arte: Gerald (2ª parte)

Continuação dos trabalhos de Gerald, artista que recria capas para os álbuns de forma maravilhosa!!
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Às bandas e demais interessados em seu trabalho:
mandem um e-mail, façam contato...
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Cliquem nas figuras para aumentar as imagens.
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Box Eloy


Hendrix – Live at Woodstock


Box Elvis – The Complete 50’s Master Tapes

hnnn

Divulgando a Nova Arte: Gerald

Gerald, o artista tema deste post, é um designer gráfico que recria capas para cds. Tudo começou como um hobby, e a cada dia que passa sua Arte se aprimora mais e mais...
Meus agradecimentos a ele pelo grande prazer em
divulgar seu trabalho.

Entrem em contato através do e-mail, no fim do post.





Capas e detalhe - Black Sabbath by Tony Martin


Mini-poster Led Zeppelin, formato 30 x 42 cm, em papel couchê fosco 250 gramas
e com laminação fôsca na frente
(disponível para venda)


Capa The Beatles


Os interessados poderão fazer contato
pelo seguinte e-mail:

Homenagem a Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola

“Este é o fim
Belo amigo
Este é o fim
Meu único amigo, o fim”


“Dos nossos planos elaborados, o fim
De tudo que permanece, o fim
Sem salvação ou surpresa, o fim
Eu nunca olharei em seus olhos outra vez”

“Voce pode imaginar como será?
Tão sem limites e livre
Precisando desesperadamente da mão de algum estranho...
Em uma terra de desespero”

“Perdido em uma imensidão Romana de dor
E todas as crianças estão insanas
Todas as crianças estão insanas
Esperando a chuva de verão...”

(The Doors)

“Toda hora acho que vou acordar de novo na selva...
Quando estava aqui queria estar em casa
Quando estava em casa só pensava em voltar para selva
Toda vez que olho ao redor as paredes se mexem,
Fechando-se mais e mais...”


“Todo mundo consegue o que quer.
Eu queria uma missão e pelos meus pecados
Me deram uma...
Era uma missão de primeira classe,
E depois dela ter terminado
Eu nunca mais iria querer outra...
Não há como contar a história do Coronel Walter E. Kurtz sem contar a minha
E se a história dele for realmente uma confissão...
A minha também é...”
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Apresentar Apocalypse Now como um filme sobre a guerra do Vietnã diz muito pouco. Entre as várias descrições adicionais possíveis, pode-se dizer que ele trata de duas pessoas internamente em conflito e do seu encontro. Somos apresentados à primeira na clássica seqüência de abertura, em que se sobrepõem imagens de ataque com as de Willard (Martin Sheen), ainda em seu quarto. A história, porém, não está fundada em uma situação simples de "soldado traumatizado pela crueldade da guerra", em um elo trivial de causa-efeito, mas sim num campo em que a insanidade psicológica e a insanidade da guerra encontram correspondências entre si e alimentam uma à outra. Apocalypse Now é uma obra sobre o absurdo da guerra e as situações-limite que ela propicia, mas também sobre o absurdo e as situações-limite que estão potencialmente no espírito humano.
A guerra na selva do Vietnã exerce uma atração irresistível sobre Willard, em suas palavras:
- "Saigon... merda. Estou ainda em Saigon. Imagino sempre que vou acordar de volta na selva".
- "Todos conseguem o que querem. Eu queria uma missão e, por todos meus pecados, me deram uma".
Sua missão será eliminar Kurtz (Marlon Brando), militar americano insurgente que comanda um exército próprio com métodos "heterodoxos".
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“Eu vi uma lesma andar ao longo do fio de uma navalha...
Esse é o meu sonho...
Esse é o meu pesadelo...
Andando...rastejando...
Ao longo do fio...de uma navalha...
E sobreviver...
O que você diz quando assassinos acusam o assassino?
Eles mentem, mentem e temos que ser misericordiosos com esses mentirosos...
Esses...pomposos...
Eu os odeio...eu realmente os odeio...”

O diretor dentro e fora de cena:

“Continue correndo, é para a televisão.
Não olhe para a câmera.
Apenas continue andando
Apenas passe como se estivesse lutando...”


Durante o longo e perigoso percurso de rio que deve fazer, Willard estuda as informações que o exército lhe deu sobre Kurtz, porém, reconhece, elas parecem torná-lo ainda mais misterioso. Paralelamente, o próprio Willard, que está quase sempre em cena e possui falas em off, não se deixa reduzir facilmente como personagem à nossa compreensão, mantendo-se enigmático. Ao encontrá-lo, Kurt lhe diz:
- "Eu esperava alguém como você".
Como filme de guerra, Apocalypse Now é também incomum por concentrar as cenas de ação mais grandiosas na parte inicial. Ao fim, a violência pode se dar por flechas e facões (mais propriamente machetes). É igualmente no início do filme em que estão mais presentes os planos de cena abertos e "solares". Mesmo assim, deve-se notar que exemplos de comportamento e fatos insanos são mostrados desde o começo, não dependendo do tom soturno que se seguirá. Basta lembrar da célebre fala, "eu adoro o cheiro de Napalm pela manhã.

Ao som de Cavalgada das Valquirias, de Wagner, o bombardeio à ilha vietnamita.



Robert Duvall como o Coronel Kilgore, líder da Cavalaria aérea Primeira da Nona
(escolta da missão até o rio Nung) e o soldado surfista Lance (Sam Bottons)
Entre bombardeios, observações sobre arrebentação das ondas...

“Sente esse cheiro?
É napalm, nada mais no mundo cheira assim.
Adoro o cheiro de Napalm pela manhã...
Algum dia esta guerra vai acabar...”


“Algum dia esta guerra vai acabar...”, diz o Kilgore...

“Os garotos do barco não se importariam.
Procuravam um jeito de voltar para casa.
O problema é que já voltei pra lá...
E sabia que esse lugar já não existia mais...
Se era assim que Kilgore lutava esta guerra,
Eu começava a me perguntar o que eles tinham contra o Kurtz.
Não era só insanidade e assassinato.
Disso havia de sobra para todos...”

“I can’t get no...satisfaction...”


“Nunca saia do barco”
pode ter certeza disso...
A não ser que você vá fundo...
O Kurtz “saiu do barco”...

“Quanto mais eu lia seu dossiê e começava a entender,
Mais eu o admirava...
Sua família e amigos não conseguiam entender.
Poderia ter sido general,
Mas decidiu ser ele mesmo...”

Nas cenas noturnas, o diretor Coppola utiliza-se muito do contraste entre luz e sombra. Vale aqui lembrar do título do livro de Joseph Conrad que serviu de insipiração a Apocalypse Now, O Coração das Trevas. Se o horror está presente desde o início do filme, o percurso de Willard a Kurtz parece levá-lo ao seu centro, à sua raiz. A proximidade desse centro obscuro é indicada também por cenas cheias de neblina e fumaça.
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Reconhecem?
Muitos o marcaram pelo seu personagem Morpheus, do filme Matrix...
Quando a produção de Apocalypse Now teve início em 1976,
ele possuía apenas 14 anos.
Por conta desse detalhe, precisou mentir sobre sua idade,
para que pudesse participar das filmagens...
Estamos falando do grande Lawrence Fishburn, aqui no papel de “Clean”.

“Essa foi uma forma que encontramos de conviver com nós mesmos:
nós os cortaríamos ao meio com uma metralhadora e daríamos um band-aid.
Era papo-furado...e quanto mais eu via, mais eu odiava
A merda era tanta no Vietnã, que você precisava de asas para ficar fora dela...”
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Em Apocalypse Now quase não se vê os vietcongues. Uma parte importante da tensão do filme se dá na relação entre os próprios soldados americanos. Considerando a relação destes com as mulheres, não seria de se esperar algo mais tranqüilo. Coppola inicialmente integra a figura feminina através da apresentação conturbada das playmates, alimentada e comprometida por um fetichismo agressivo.
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Ao som de Susie Q, as coelhinhas da Playboy se apresentam no meio da selva...

“Estamos orgulhosos de vocês, sabemos que tem sido difícil.
E como prova disso, estamos oferecendo entretenimento,
Que sabemos que vão gostar!”


“Não é de se estranhar que Kurtz tenha contestado o comando
A guerra estava sendo comandada por um bando de palhaços de 4 estrelas
Que iam acabar entregando o circo...”

Lance e a depressiva “coelhinha”, ótima cena excluída da primeira versão e relançada na Redux

A importante sequência com os franceses,
excluída da primeira versão de Apocalypse Now e
relançada na versão Redux.

“Sabe, quando viemos para cá não havia nada, nada...
Trouxemos a seringueira do Brasil e a plantamos aqui.
Construímos algo, algo do nada.
Quando me pergunta porque queremos ficar, capitão...
Queremos ficar porque é nosso.
Digo, nós lutamos por isso aqui.
Enquanto vocês americanos, estão lutando pelo maior nada da história.”


“...uma pequena história sobre Paris e
Pessoas morrendo de fome durante a guerra.
Elas estão em volta da mesa e existe um silêncio, quando dizemos:
“Um anjo está passando por aqui...”
Então alguém diz:
“Vamos comê-lo!”

Na versão redux, a história ganha um inesperado interlúdio em uma plantation francesa. Lá temos, em contraste, a presença sensual mas compreensiva de Roxanne (Aurore Clement). Suas cenas com Willard possuem uma luminosidade suave, única no filme, correspondente a esse tom acolhedor e também, deve-se acrescentar, ao uso de ópio pelos dois personagens.
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“Vocês estão cansados de guerra.
Posso ver isso em seu rosto.
Era a mesma expressão nos olhos dos soldados da nossa guerra
Nós os chamamos “les soldats perdus””
(Os soldados perdidos)

“Eu costumava preparar o cachimbo para meu marido...
Ele usava morfina para os ferimentos que sofreu em seu coração
Ficava furioso e chorava, meu “soldat perdu”...
E eu lhe dizia “Existem dois de você, não está vendo?”
“Um que mata e outro que ama”
E ele me disse:
“Não sei se sou um animal ou um deus...”

“Não está vendo? Existem dois de você...”
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Ao som da sinistra”Strange Voyage”, a viagem vai chegando ao seu fim...

“Havia cheiro de morte lenta...
de malária...
de pesadelo...
Era o fim do rio...”
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viajando no barco e no ácido...

“Parte de mim estava com medo do que encontraria e do que eu faria ao chegar lá.
Eu conhecia os riscos...
Ou imaginava que conhecia
Mas a coisa que eu mais sentia,
Mais forte do que o medo,
Era o desejo de confrontá-lo...”

“Todos aqui são filhos de Kurtz...”

Frederic Forrest, como o nervoso “Chef”

Dennis Hopper, o jornalista

“Você não fala com o coronel, você escuta.
É um guerreiro poeta no sentido clássico...”

“Se o tivesse ouvido...Iria dizer que era louco?”
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Willard vê em Kurtz alguém que foi muito longe, que rompeu com todos e depois rompeu consigo mesmo. Concentrando-se no título de Apocalypse Now e no título da música que está no seu começo e fim, The End, pode-se reconhecer como outro tema do filme o ponto crítico a partir do qual não há saída senão um fim absoluto: a morte na dimensão pessoal, a destruição completa na dimensão militar. Pode-se pensar que a natureza da loucura diz respeito à essa incapacidade de retorno, à intolerância com o que não seja extremo.
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“Já pensou na verdadeira liberdade?
Liberdade de opinião dos outros...
Até opiniões sobre você?”

“Assassinos acusando assassinos...”


“O horror tem um rosto
E você deve ficar amigo do horror.”

“Somos os homens ocos,
Os homens empalhados,
Juntos, cabeça cheia de palha. Eis-nos!
Nossas vozes dessecadas quando sussurramos juntos,
Silenciosas e insignificantes como o vento na relva seca...
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada

Fôrma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor;

Aqueles que atravessaram
De olhos retos, para o outro reino da morte
Nos recordam - se o fazem - não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos
Os homens empalhados”

(T.S.Eliot)

“Você tem que ter homens morais
E ao mesmo tempo que podem utilizar seus instintos
Primordiais para matar
Sem emoção, sem paixão.
Sem julgar, sem julgar,
É o julgar que nos derrota.”

“Eu ia virar major por causa disto.
E nem pertencia mais ao exército deles...”





“Treinamos os jovens para atirar nas pessoas.
Mas seus comandantes não permitem que escrevam "foda" nos
seus aviões porque é obsceno”

“Querido filho,
Deixarei na sua mão contar para sua mãe o que quiser desta carta
Quanto às acusações contra mim,
Não estou preocupado.
Estou além da moralidade tímida e mentirosa deles,
Por isso estou além da preocupação.
Você tem toda a minha fé,
De seu pai que o ama,

W. Kurtz “


“ O horror...o horror...”

Francis Ford Coppola fala sobre o
“final alternativo”,
um dos extras da versão em dvd

“Quando passamos para a fase final da edição de Apocalypse Now e nos preparamos para o lançamento, começou a surgir muita polêmica em torno do filme. Já estava previsto. Era um filme muito misterioso para a imprensa, porque não tinham visto nada dele, mas acima de tudo foi levantada a questão de que haveria dois finais para Apocalypse Now, o que não era o caso.
Acho que o que deu essa impressão foi que quando você faz uma edição você testa suas opções, logo você passa o filme com várias opções. Uma das opções que testamos foi a explosão do complexo de Kurtz..

Havíamos construído uma estrutura formidável, mas não foi construída como uma estrutura permanente, e por lei era exigido que a retirássemos. Claro que pensamos, “vamos explodí-la e filmar. Podemos filmar com muitas câmeras. Poderíamos usar filme infravermelho e talvez consigamos tomadas interessantes e surrealistas.” Então, obrigados a remover o complexo, nos preparamos para explodí-lo. Precisaríamos de muitos explosivos, e teríamos muitas câmeras...essas tomadas poderiam ser usadas no filme.
O filme acabava com o Willard virando o novo Kurtz, e eu queria dar minha própria visão do futuro, de que uma vez que se supera a guerra, esse conflito extraordinário dos tempos modernos, talvez pudesse existir um futuro sem guerra. Eu queria que Willard largasse suas armas, e que os seguidores fizessem o mesmo. Ele pegaria o jovem Lance pela mão e o levaria a uma nova era. Por isso a idéia dele pedir um ataque aéreo, o qual mataria todas aquelas pessoas, parecia errada dada a mensagem que eu queria passar.
Mas tínhamos as tomadas.
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“Quando o filme foi lançado, no formato original de 70 milímetros, não havia título nem créditos. O filme terminava, as pessoas recebiam um programa e fim. Mas antes do filme ser lançado em 35 milímetros, a idéia de distribuir programas não era mais viável, e acho que cometi o erro no final, em colocar os créditos com a sequência das explosões.
O surgimento dessas imagens no lançamento geral parece confirmar a idéia de que havia duas opções para o fim, e que as explosões do complexo de Kurtz realmente apoiavam a idéia de que havia outro fim mais bélico e apocalíptico, o que não era a minha intenção. E assim que percebi , na versão 35 milímetros, os créditos por cima das explosões apoiando essa visão, a tirei do mercado e criei uma sequência de créditos sobre um fundo preto, a qual você tem a opção de ver atualmente se selecionar “lançamento em filme”.
Novamente, quero lembrar que o filme não tinha créditos no formato original, somente um programa. Temos essa sequência surrealista do complexo do Kurtz voando pelos ares filmado com várias câmeras, em variados formatos.

Peço que a assistam como algo por si só, e certamente não como um fim alternativo...”


Direção: Francis Ford Coppola
Ano: 1979
País: EUA
Duração: 202 minutos aproximad.

Elenco:

O fundo preto com os créditos, citado por Coppola no texto acima
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“Um dos filmes mais espetaculares de todos os tempos, que custou a Coppola quase quatro anos de trabalho, mais de 30 milhões de dólares, um colapso nervoso e a perda de vinte quilos durante as filmagens nas Filipinas. Livremente inspirado no romance O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, mas transpondo a ação da África do final do século passado para o Vietnã de 1969, o filme conta uma história simples: o capitão Willard (Martin Sheen) tem a missão de encontrar e matar o coronel Kurtz (Marlon Brando), um oficial de carreira brilhante que aparentemente perdeu o juízo e se refugiou nas selvas do Camboja, onde comanda um exército fanático de nativos e desertores.
Mas, por trás da aparente simplicidade do enredo, Coppola realiza uma dilacerante reflexão sobre a ambigüidade moral do homem, servindo-se da guerra do Vietnã apenas como pretexto para construir o que ele mesmo chamou de "ópera-filme". Em sua longa jornada para dentro da selva, tendo como acompanhantes um punhado de garotos ensandecidos, Willard mergulha não apenas no horror da guerra, mas também e principalmente nas trevas da alma humana, e descobre que Kurtz não tanspôs somente a fronteira entre o Vietnã e o Camboja. Ele subverteu a linha divisória entre a razão e a loucura, a civilização e a barbárie, o bem e o mal.
Nessa descida aos infernos, Willard assiste estarrecido todos os absurdos possíveis: o bombardeiro de uma aldeia só para que o alucinado tenente-coronel Kilgore (Robert Duvall) pudesse surfar numa praia localizada em território sob o domínio vietcong; um show coelhinhas da Playboy em plena mata vietnamita, o incêndio de campos e florestas, etc; etc; etc.
"Muito da odisséia de fazer o filme era a imagem refletida da história que estávamos contando", diz Coppola. "Ninguém saiu ileso". De fato, as condições das filmagens eram tão duras que o ator Martin Sheen teve um enfarte, vários membros da equipe foram derrubados por doentes tropicais, outros tantos desistiram no meio do caminho. Só na seqüência do bombardeio da aldeia civil, foram mobilizadas 450 pessoas, entre técnicos, atores e extras, além de uma esquadra de helicópteros, uma pequena frota de barcos e mais de cem veículos de todos os tipos. Inúmeros sets tiveram de ser reconstituídos depois de arrasados pelas chuvas torrenciais nas matas filipinas. "Fizemos o filme da mesma forma que os americanos fizeram a guerra no Vietnã: havia dinheiro demais, excesso de equipamento, e pouco a pouco fomos enlouquecendo. Eu pensei que estava fazendo um filme de guerra e o filme acabou me fazendo", define o cineasta.
O resultado final é polêmico, mas sua grandeza é inesquecível. Marlon Brando declamando The Hollow Men (Os Homens Ocos), de T.S. Eliot, na penumbra de uma choça imunda, ficará por muito tempo como um dos momentos verdadeiramente grandes do cinema..” (José Geraldo Couto)
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Sobre o escritor de “Coração das Trevas”
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JOSEPH CONRAD (1857 -1924)

"Vivemos como sonhamos - sozinhos" (O Coração das Trevas)

“O objetivo que tento atingir, pelo poder da palavra escrita, é fazer você escutar, fazer você sentir e acima de tudo, fazer você ver. Isto, e nada mais, é tudo”. Palavras de Joseph Conrad, talvez um dos mais vicerais escritores que a literatura ocidental já produziu. Jósef Teodor Konrad Korzeniowski nasceu em 1857, na cidade de Berdichev, na Ucrânia, uma região que foi parte da Polônia mas na época estava sobre controle russo.
Seu pai, Apollo Korzeniowksi, poeta e tradutor de literatura francesa e inglesa, criava o garoto num ambiente efervescente, num país onde se falavam quatro línguas, havia quatro religiões e diferentes classes sociais em combate. Por serem szlachta, uma classe herditária abaixo da aristocracia que possuia qualidades de nobreza, seu pai detinha um enorme poder político.
Porém, em 1861, envolvido em um movimento contra o domínio Czarista, Apollo teve que se exilar em Volgoda, norte da Rússia, junto com sua família. Foram sustentados pela Igreja Católica, o jovem Joseph contraiu pneumonia e sua mãe faleceu em 1865, de tuberculose. Tragédias singulares em menos de dez anos de vida.
Apollo criou o garoto com trabalhos de Dickens, Fenimore Cooper e do Capitão Marryat. Em 1869, seu pai também morreu de tuberculose. Conrad vai então para a Suíça, abrigado com seu tio materno, Tadeusz Bobrowski, que o influenciou definitivamente. Ele volta à Polônia e frequenta escolas em Cracóvia, criando tantos problemas até que seu tio o permitisse tentar a vida de marinheiro. Bem visto em vários círculos, acabou sendo dominado por seus amigos boêmios, que o introduziram à ópera, ao drama e ao teatro.
Mas a vida marítima o chamava. Consegui se tornar um observador em alguns barcos. E todo este pano de fundo se tornaram essenciais em suas obras futuras. Na metade da década de 1870, ele se juntou à Marinha Mercante da França como aprendiz e fez três viagens às Índias Ocidentais entre 1875 e 1878. Tudo isto para evitar ter que se juntar ao Exército Russo. Também se envolveu em contrabando de armas para a Espanha, que quase acabou em tragédia, com Conrad tentando o suicídio e não obteve êxito.
Seu tio o encorajou a entrar para a marinha Mercante Britânica e conseguir a cidadania inglesa. E durante dezesseis anos ficou nos barcos da Rainha. Em 1886 era o comandante de um navio. No mesmo ano conseguiu a cidadania britânica. Em 1889 perdeu o direito de ser russo e assim pode visitar a Polônia novamente. E mudou seu nome para Joseph Conrad.
Em 1890 foi contratado como capitão de um navio que iria atravessar o Congo, onde padeceu de malária e desinteria. Esta experiência foi fundamental para o livro “O Coração das Trevas”, de 1902. Sua fúria e condenação do colonialismo foi brutal. Em 1894 abandonou o mar definitivamente. E decidiu se dedicar à literatura. Aos 36 anos se estabeleceu definitivamente na Inglaterra.
Em 1895 publicou Almayer`s Folly, trabalho que consumiu cinco de seus anos. Seguiu-se An Outcast of the Islands, 1896, The Nigger of the Narcissus, Lord Jim, Youth. Ainda em 1896, casou-se com Jessie George e mudou-se para Kent. Nostromo surge em 1904, um romance que explora a vunerabilidade e corrupção humana. Under Western Eyes, de 1911, é considerado seu melhor livro, estilo Dostoievski. Ao término deste livro, Conrad sofre de um colapso nervoso. Conrad também aventurou-se na dramaturgia mas suas peças eram um fracasso de público e rejeitado pela crítica. Em 1919 é aclamado como escritor. Sofrendo de reumatismo, no dia 3 de Agosto de 1924, Joseph Conrad sofre um ataque cardíaco fulminante e faleceu. Seus restos mortais foram depositados em Canterbury. Porém sua influência na literatura do século 20 é essencial. F. Scott Fitzgerald assumiu que Nick-Carraway-Jay Gatsby foram moldados a forma do relacionamento de Marlow e Kurtz. Ernest Hemingway não escondeu sua admiração por Conrad além de Arthur Koestler, T.S. Eliot, Marcel Proust, André Malraux, Louis-Ferdiand Céline, Jean-Paul Sartre e Graham Greene. (Artigo de Danilo Corci)
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“O horror! O horror!" Estas palavras, as últimas do personagem Kurtz, têm confundido e fascinado os leitores desde a primeira publicação de O Coração das Trevas (Heart of Darkness), de Joseph Conrad, em 1902.
Numa narrativa baseada na idéia de contraste (luz versus escuridão, branco versus negro, civilizado versus selvagem, etc.) e interpenetração de opostos (por exemplo, sempre que aparece um elemento branco ele está cercado de negro, e vice-versa), o livro é ao mesmo tempo provocante e perturbador, atraindo e incomodando em doses iguais.
É o mesmo narrador de Lord Jim, outro livro de Conrad, Charlie Marlow, espécie de alterego do autor, que nos conta (por figura interposta, já que existe uma história dentro da história) sua estranha aventura em O Coração das Trevas. Na verdade, o próprio Conrad fez uma viagem muito semelhante à de Marlow, subindo o Rio Congo num barco a vapor.
Marlow faz a viagem em busca de Kurtz, um comerciante de marfim que se teria deixado influenciar demasiadamente pela magia do continente negro e sucumbido aos instintos selvagens. A história pessoal de Kurtz simboliza a trajetória do europeu civilizado em contato com o primitivo continente africano. No início, ele representa toda a cultura do homem branco, sendo ao mesmo tempo poeta, músico, político, comerciante, um polivalente homem da renascença. Ao final de sua trajetória, porém, já cometeu os mais diversos crimes contra a sociedade civil, que para ele já não faz sentido, e acaba por permitir um crime contra a religião cristã, o de ser adorarado ele mesmo como um deus.
Marlow e Kurtz são quase como uma só pessoa, duas faces do mesmo ser separadas por um mundo de possibilidades. Marlow é o que Kurtz poderia ter sido, Kurtz é o que Marlow poderia vir a ser. Em sua viagem rio acima, enquanto Kurtz não passa de uma figura mítica formulada em descrições divergentes de outros personagens, Marlow se afasta, aos poucos, física e mentalmente, do mundo dos brancos, retratado como brutal, e adentra a escuridão da selva, símbolo da realidade e da verdade. Mas também esta simbologia é ambígua, e por vezes não sabemos (nem nós leitores, nem o próprio Marlow) de que lado está a virtude ou onde reside a verdadeira escuridão.
O Coração das Trevas já foi interpretado de diversas formas. Numa leitura historicista, pode ser considerado uma dura crítica ao colonialismo. Ou, numa visão psicológica, pode ser encarado como uma jornada pesadelo adentro, ou mesmo um esbarrão com a própria loucura, da qual Marlow escapa mas não Kurtz. Ou, para o antropólogo ou sociólogo, o livro pode ser um debate sobre o contraste entre civilização e selvageria. Ou ainda pode ser visto como uma reflexão moral sobre o bem e o mal, que parecem ser os pontos centrais da trama. Como tão poucas páginas podem conter tanta coisa?
Um aspecto algumas vezes enervante de O Coração das Trevas (mas talvez seja exatamente o que gera seu encanto) é a forma como Conrad deixa o próprio leitor na escuridão. As trevas são sempre mencionadas mas nunca definidas, o horror balbuciado por Kurtz nunca chega a ser explicado, tudo é calculado para que o mistério se perpetue. Ser explícito, como o próprio Conrad escreveu anos mais tarde, é fatal para o fascínio de qualquer obra artística, roubando a sugestividade e destruindo a ilusão.
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Apocalypse Now: Original Motion Picture Soundtrack
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Disc 1

1 The End (4:15)
2 Saigon (Narration and Dialogue) (1:38)
3 The End (Pt. 2) (1:37)
4 Terminate (Narration and Dialogue) (5:44)
5 Delta (2:38)
6 P.B.R. (Narration and Dialogue) (2:02)
7 Dossier #I (1:51)
8 Colonel Kilgore (Narration and Dialogue) (5:43)
9 Orange Light (2:15)
10 Ride of the Valkyries Vienna Philharmonic Orchestra (2:00)
11 Napalm in the Morning (Dialogue) (:55)
12 Pre-Tiger (4:50)
13 Dossier #II (1:51)
14 Susie-Q (4:26)
15 1 (3:07)
16 75 Klicks (Dialogue) (1:09)
17 Nung River (3:10)

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Disc 2

1 Do Lung Bridge (9:37)
2 Letters from Home (2:39)
3 Clean's Death (3:10)
4 Chief's Death/Strange Voyage (4:16)
5 Strange Voyage (4:16)
6 Kurtz' Compound (Dialogue) (2:18)
7 Willard's Capture (1:18)
8 Errand Boy (Dialogue) (2:04)
9 Chef's Head (2:04)
10 Hollow Men (1:09)
11 Horror (Dialogue) (5:42)
12 Even the Jungle Wanted Him Dead (Dialogue) (1:01)
13 The End (3:14)

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Sobre o compositor
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“Carmine Coppola, elaborou grandes obras além de partes da trilha de Apocalypse Now.
A morte do compositor e regente, no dia 26 de abril 1991, em Los Angeles, de apoplexia, aos 80 anos, fez com que a edição da trilha sonora de "O poderoso chefão - III" (Sony music, março/91) adquirisse ainda maior interesse, à época em que foi lançada. Afinal, esta foi a última soundtrack que o veterano maestro-compositor, pai do diretor Francis, criou e regeu. Se na primeira parte, há 19 anos, Carmine teve a felicidade de ter a colaboração de um dos maiores compositores da música do cinema, Nino Rotta (conhecido por sua parceria com o diretor Fellini) - falecido em 1979 - o que por certo ajudou ao trabalho merecer o Oscar, nas duas seqüências (a segunda foi em 1974), Carmine teve que remexer o caldeirão e trabalhar sozinho.
No episódio dirigido por Coppola para "Contos de Nova York" (1989), além da trilha sonora, Carmine fez uma ponta - justamente no papel de um idoso flautista.
Sua contribuição à música de cinema não ficou apenas nos filmes do ilustre filho. Tendo estudado flauta e composição na escola de música Jilliard, em Nova York, foi músico da sinfônica de Detroit e, mais tarde, tocou sob a regência de Toscanini na sinfônica da NBC.
Dirigiu comédias musicais na Broadway ("Kismet" e "Oen upon a maitress") e seu primeiro trabalho no cinema foi "A caminho do arco íris", (Finninan's rainbow), musical dirigido por Francis, com Fred Astaire e Petulia Clark.
Um de seus trabalhos mais importantes foi criar uma trilha sonora original para "Napoleon", que Abel Gance (1889-1981) realizou em 1925, que Francis reconstituiu e levou ao Rádio City Music Hall, em projeções com as três visões simultâneas, concebidas pelo genial realizador. Agora, quando num evento promovido pela Prefeitura de Niterói, pela primeira vez esta projeção tríplice aconteceu no Brasil, Carmine estava acertado para reger a Orquestra da Universidade Federal Fluminense, nos dias 20 e 21 de abril de 1991. Como teve o derrame, foi substituído pelo seu assistente, o maestro Paul Bogaev. No Estádio Caio Martins, na Capital fluminense, mais de 4 mil pessoas assistiram a versão restaurada de "Napoleon", com a música ao vivo pela grande orquestra (há 12 anos, a trilha já havia sido editada em lp nos Estados Unidos).”


Hospedagem, imagens/manipulação, transcrições das falas, etc, etc: Neide

Fusão de informações encontradas em:

Angulo Cinema
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Dedicado a mim, Neide, e ao incrível momento em
que descobri este filme, há 18 anos atrás...