"O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo." ( Friedrich Nietzsche )

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Joe Farrell - Canned Funk [1975]



O saudoso Joe Farrell. Se você não conhece esse saxofonista e flautista, saiba que deveria. Afinal ele já tocou com meio mundo, músicos do primeiro escalão como Chick Corea, John McLaughlin, Dave Holland, Jack DeJohnette, Buster Williams, Elvin Jones, Airto Moreira, Stanley Clarke, Jack DeJohnette, Joe Beck, Don Alias, George Benson, Art Pepper, Billy Cobham, Average White Band, Flora Purin, Tom Jobim, Hermeto Pascoal… São só alguns dos muitos parceiros que ele já teve. É meu amigo, o cara não era fraco não! Merece até um post mais caprichado a seu respeito, mas no momento o foco é esse Canned Funk. Estávamos em meados dos anos 80 quando um amigo me descolou uma fita cassete com a gravação desse disco. Farrell já não era um desconhecido para mim, mas até então, eu nunca tinha ouvido nada solo dele que me agradasse tanto quanto aquele disco, um jazz funk com muito soul e swing. Mais tarde, pude perceber que esse som foi uma característica marcante da fase em que Farrel trabalhou pelo selo CTI (1970 – 74), do lendário produtor Creed Taylor (taí outro que merece um post), que ao lado de Rudy Van Gelder, outra figura antológica da produção jazzística, criou uma série de obras primas. Com tantos prós e nenhum contra, saí na captura do LP em tudo quanto foi loja e nécas! Nada de encontrar o tal Canned Funk, nem importado! O tempo foi passando, a fita desgastando, até sumir e eu já nem me lembrava do som quando, no final dos anos 90, aquele mesmo amigo me aparece com um CD caseiro contendo uma seleção de músicas de três discos do Farrell: Outback (1971), Moon Germs (1972) e Canned Funk, mas na capa do CD estava um scan, justamente, do famigerado disco. Àquela altura do campeonato, eu já conhecia e tinha os outros dois álbuns, mas ainda não encontrara o Canned Funk, cuja capa, maravilhosa, diga-se de passagem, eu via pela primeira vez (um magistral trabalho do fotógrafo americano Pete Turner). Novamente fui procurar nos sebos para ver se encontrava o disco, afinal já estávamos na era do CD e discos do Joe Farrell estavam praticamente dados nos sebos (isso há 10 anos, porque hoje estão caríssimos). Porém, mais uma vez dei com os burros n’água e pior, dessa vez, eu só tinha algumas faixas do disco porque a fita já era fazia tempos. Mesmo quando começou essa onda de baixar músicas pela net, eu não o encontrei, até que no finzinho de 2007, sem nenhum aviso dou de cara com o Canned Funk inteirinho à minha disposição num site russo chamado Noname. Com a ajuda de um software de tradução, consegui me inscrever no site e finalmente passei a possuir uma cópia do tão almejado disco. De lá para cá, esse disco se tornou um pouco mais comum na net e já não é tão difícil encontrá-lo por aí, tanto que a cópia que está aqui, eu baixei por esses dias sem grandes dificuldades, mas ainda me lembro da emoção de encontrar Canned Funk depois de tantos anos de busca. Uma alegria que divido agora com os freqüentadores deste blog, na esperança de que esse “funk enlatado” também faça a cabeça de vocês.







Joe Farrell - Canned Funk

Review by Fleamarketfunk
Now that I’m back, rested, and ready to go, I thought I’d pull out the newest addition to the FMF stable. It’s a record that I wasn’t really looking for, but decided to pick up because I knew the tune, and I am definitely a fan of the record label, despite the naysayers who claim it’s a “tepid terd”. In fact, I like everything about this label. From the musicians to the cover art, there is a love affair with these records that is still strong. I’ve been reading The House That Trane Built: The Story of Impulse Records, and my respect for Creed Taylor has doubled. The guy is amazing, and I will definitely not stop buying CTI records. This record hasn’t shown up at any of my local spots, and well, I had to jump on it. A lot of other CTI records do, and I’ve gotten some great ones throughout my digging career. From George Benson to Hubert Laws, when I see the shiny gate fold cover I can’t resist. Let’s get into Joe Farrell and “Canned Funk” on one of my favorite record labels, Creed Taylor’s CTI, from 1975.

Joe Farrell picked up the clarinet at the age of eleven. He went on to graduate from the University of Illinois, eventually uprooting himself and moving (like many Jazz musicians) to New York City. While in the Big Apple, he linked up with Maynard Fergusen and Slide Hampton. A very accomplished saxophone player and flutist, Farrell has played with a who’s who of Jazz musicians, including Jack DeJohnette,Charles Mingus, Andrew Hill, Herbie Hancock, Jaki Byard, Stanley Clarke, Elvin Jones and as a stand out musician with Chick Corea’s “Return to Forever”. He definitely had a good run during the 70’s with his CTI releases, riding on the coat tails of his success with Fergueson. A nasty drug habit would catch up with him during his final years in Los Angeles, where he worked with a lot of different people, including the Mingus Dynasty and Louis Hayes. He died in 1986.

If the Pete Turner photograph on the cover wasn’t enough, (I mean who ever gets an eyeball in their can of peaches?) the record was produced by Taylor and engineered by the genius known as Rudy Van Gelder in his Englewood Cliffs Studio in December of 1974. The song’s line up was as follows: Joe Farrell (tenor sax); Joe Beck (guitar); Herb Bushler (bass); Jim Madison (drums); and Ray Mantilla (congas and percussion). There’s some heavy Funk/ Jazz/ Fusion going on, and it’s obvious why Farrell’s saxophone sound was sought after during the 70’s. In this period, you had all these heavy Jazz players laying down Funk tracks (or their interpretation of), and apparently playing the role while they recorded. They would don the Funk outfits of the time, and get to work in the studio. The Funk would get into them people, and I can just see heavyweights like Milt Jackson wearing a Walt “Clyde” Frazier hat (complete with feather!) as he funked up the vibes. This is by far the longest side I’ve put on FMF (clocking in at over 7 minutes), but IMHO, it’s a really unique song. If you can’t get a hold of this nugget on vinyl, CTI released a compilation called “The Birth of the Groove”, which we here at FMF highly recommend. I am partial to CTI releases, and this tune is definitely a keeper.
From: Fleamarketfunk.wordpress.com 2007/09/26




[*]






quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Edgar Allan Poe VI - "O Corvo", traduzido por Emílio de Menezes


Adaptação do poema "The Raven" feita em 1917, por Emílio de Menezes
Matéria extraída da revista "Cult", número 6 / janeiro de 1998
.



terça-feira, 18 de novembro de 2008

MITCH MITCHELL





Eu não ia postar nada relativo ao Mitch Michell, porque com a notícia da sua morte, muita gente já deve ter feito isso em outros blogs por aí, além disso, o cara não tem muitos discos, na verdade nunca lançou um trabalho solo e depois do Experience gravou pouquíssimo, de modo que a maioria dos discos já são bem conhecidos e devem estar postados em outros sítios. Mas reconsiderei, pois afinal, o cara merece mesmo todas as homenagens, foi parceiro de Jimi Hendrix, o maior guitarristas de todos os tempos e mesmo tocando ao lado de um grande astro, Mitch se sobressaiu, ganhou fama e respeito como músico e a sua contribuição na sonoridade da Jimi Hendrix Experience é inegável. Reconhecidamente um dos maiores bateristas de rock dos anos 60, cujo estilo era uma mistura da impulsividade de Keith Moon com a complexidade jazzística de Elvin Jones, sua maior influência. Então além da homenagem da Neide e de tantos outros blogueiros por aí. Aqui vai a minha também!



Nascido em 9 de junho de 1947 na cidade inglesa de Ealing, John Mitchell começou cedo a carreira de artista, mas não como músico e sim como astro mirim de uma série infantil da BBC TV chamada Jennings. Na adolescência, deixou essa coisa de ator para lá e passou a se dedicar à bateria, tocou com Peter Nelson & The Travellers (1960), The Tornados (1963), The Coronets, que depois passou a se chamar The Lively Set, ainda naquele ano (1964), participou de um teste para fazer parte do The Who, como recorda Peter Townshend: ”Nós experimentamos alguns bateristas, inclusive Michell que tocaria com Hendrix depois, mas Keith Moon apareceu numa das nossas apresentações regulares no Oldfield Hotel, em Greenford, e logo que começou a tocar, percebi que havia encontrado o elo que faltava”. Ao invés de ir para o Who, ele acabou numa banda chamada Riot Squad, onde gravou uns compactos e permaneceu até 65, quando deixou o grupo para se juntar a Georgie Fame & the Blue Flames, gravando o álbum Sweet Things. Por falar em Things, nessa época, ele também andou tocando com o Pretty Things e dizem até que ele atuou em algumas faixas do disco Get the Picture? (1965). “Na verdade, Mitch Mitchell tocou com a gente depois que Viv Prince nos deixou e ficou um tempo até encontrarmos um novo baterista. Tocamos uma dúzia de shows e ele era realmente bom. Depois disso, quando o vi novamente, já estava tocando com Jimi Hendrix e eu não podia acreditar naquilo – Mitch você é um animal!!”. Conta John Stax.

Em primeiro de outubro de 1966, Georgie Fame & the Blue Flames fez uma apresentação no Grand Gala du Disque em Amsterdã e depois se dissolveu. Mitch ganhou alguma notoriedade entre a nova geração de bateristas da cena musical britânica e foi convidado por Chas Chandler para uma audição que escolheria os músicos que iriam acompanhar Jimi Hendrix. Além dele, havia outro promissor baterista com grandes chances de integrar o grupo, ninguém menos que Aynsley Dunbar. Chandler e Hendrix não sabiam ao certo quem escolher e, segundo a lenda, resolveram o assunto no “cara ou coroa”. Felizmente para todos, exceto para Dunbar, o felizardo foi Mitchell que, muito mais que um mero acompanhante, se revelou um importante colaborador, sempre alternando os ritmos, nunca sendo previsível, proporcionando uma flexibilidade que correspondia e valorizava os solos de Hendrix. Isto ficou evidente logo nos primeiros singles e no álbum Are You Experienced? Pode ser percebido no jeito envolvente que ele trabalhou a bateria em músicas como "Fire," "Third Stone from the Sun," e "Manic Depression." No Experience ele se tornou uma celebridade quase tão importante quanto o próprio Hendrix e os três discos gravados por eles, Are You Experienced? (1967), Axis: Bold as Love (1967) e Electric Ladyland (1968) são verdadeiras obras primas da música universal.



Em 1968 Mitch fez uma histórica aparição num especial de televisão dos Rolling Stones chamado Rock And Roll Circus, realizado em 11 de Dezembro, contando com a participação de vários convidados ilustres como Jethro Tull, The Who, Taj Mahal... Ele integrou um grupo inventado para a ocasião chamado Dirty Mac, onde, além dele, faziam parte John Lennon, Eric Clapton e Keith Richards (excepcionalmente tocando baixo). Era para o programa ir ao ar como especial de natal ou coisa assim, mas isso não aconteceu e a fita ficou na gaveta até virar DVD uns trinta anos depois.

O Experience se desfez em junho de 1969, mas Mitch voltou a tocar com Hendrix em agosto, no festival de Woodstock. Naquele ano o baterista participou da gravação de um álbum conceitual chamado "Music from the Free Creek", estrelado por uma série de artistas renomados, entre os quais Keith Emerson. Existem boatos que Mitch havia sido convidado a tocar no ELP. Ele ainda esteve envolvido na gravação de "Fiends and Angels" de Martha Velez, juntamente com Brian Auger, Jack Bruce, Jim Capaldi, Eric Clapton, Paul Kossoff, Christine McVie, Stan Webb e Chris Wood. Dizem que este disco é muito bom, mas eu nunca ouvi.



Agora, o que pouca gente sabe, é que no início de 1970 Mitchell fez parte de uma super banda integrada por Jack Bruce, Larry Coryell e Mike Mandell. O grupo se chamava Jack Bruce & Friends, mas lamentavelmente não possui nenhum registro oficial, existem apenas alguns bootlegs. Ao final de abril, ele se juntou novamente com Jimi Hendrix e Billy Cox para uma série de apresentações da turnê Cry of Love nos Estados Unidos e na Europa. O fim da turnê culminou com a apresentação no Fehmarn Love & Peace Festival da Alemanha, em 6 de setembro. Mitch comentou o desejo de Hendrix em continuar a trabalhar com ele e um outro baixista, não Cox, provavelmente Jack Casady ou Jack Bruce e possivelmente mais alguém como os Brecker Brothers nos metais e músicos da Motown, mas o guitarrista morreu dias depois e nada disso aconteceu.

No ano seguinte, Mitchell trabalhou ao lado do engenheiro de som Eddie Kramer, para finalizar a produção de algumas gravações incompletas de Hendrix que resultaram em lançamentos póstumos como The Cry of Love (1971) e Rainbow Bridge (1971). Em 18 de setembro, o baterista se apresentou com Larry Coryell e Jack Bruce no Nice Festival, na França e existe até uma gravação dessa apresentação feita por uma rádio local. Em 72, ele voltou a se aventurar em uma banda e ao lado da guitarrista April Lawton e Mike Pinera (que depois iria para Iron Butterfly) formou o Ramatam. O primeiro disco homônimo foi produzido por Tom Dowd, que já tinha trabalhado com Eric Clapton e os Allman Brothers. O som da banda era bem original agregando diferentes estilos como R&B, hard rock, soul e psicodelia. Eles abriram alguns shows para o Emerson Lake & Palmer e Humble Pie, e a beleza de April Lawton arrancava suspiros e diversos elogios dos críticos e das revistas especializadas. No entanto, o grupo não obteve êxito comercial e Mitch pulou fora no ano seguinte, não participando da gravação do segundo álbum. Esta foi a última fez que o baterista participou realmente de uma banda fazendo shows, turnês e gravações, depois disso ele ainda trabalhou com muita gente boa, porém nada muito extenso. Participou de apresentações com Terry Reid, Jack Bruce, e até Jeff Beck (substituindo Cozy Powell, quando este ficou doente). A lenda também reza que ele chegou a ser cogitado como baterista do Wings em 1974, mas foi preterido em favor de Geoff Britton (mas que vacilo Sir McCartney!).


De lá para cá, pouca coisa aconteceu em termos musicais na carreira de Mitchell, ele ficou nessa de apresentações esporádicas aqui e ali, volta e meia gravava alguma coisa com alguém, na maioria dos casos com pessoas e bandas não muito conhecidas como Dave Morrison, Hinkley’s Heroes, Roger Chapman, Greg Parker, Junior Brown e Bruce Cameron. Por um bom tempo ele resistiu à idéia de fazer tributos a Hendrix tocando suas obras “Nunca seguirei adiante com algum projeto de tributo a Jimi, porque as pessoas interpretam as músicas de modos diferentes”. Dizia. Mas acabou fazendo algumas apresentações nos anos 90 com Randy Hansen, um famoso cover de Hendrix, e mais tarde participou de um projeto chamado Gipsy Sun Experience, junto com Billy Cox. Em seus últimos dias, ele esteve numa turnê de quatro semanas chamada Experience Hendrix Tour 2008, que cruzou os EUA de costa a costa em tributo ao gênio da guitarra. Os espetáculos sempre contavam com algum convidado especial, entre os quais: Buddy Guy, Jonny Lang, Kenny Wayne Shepherd, Eric Johnson, Cesar Rosas, David Hidalgo, Brad Whitford, Hubert Sumlin, Chris Layton Eric Gales e Mato Nanji. Cinco dias após o encerramento da turnê Mitchell foi encontrado morto, aproximadamente às 3 horas da manhã de 12 de novembro num quarto do Benson Hotel, na cidade de Portland. Segundo o relatório médico divulgado pelo Multnomah County Medical Examiner's Office, ele morreu de causas naturais (?!) durante o sono. No mesmo dia o corpo foi enviado para Inglaterra a fim de ser sepultado em sua terra natal. Lá se foi o último integrante vivo da lendária Jimi Hendrix Experience. Descanse em paz amigo!
Fontes: Whiplash, Wikepedia, All Music Guide, MitchMitchell.de

O problema deste post é: que disco mostrar? Porque de Mitch Mitchell mesmo, existe pouca coisa, eu adoraria poder disponibilizar aqui o Sweet Things de Georgie Fame, que foi o primeiro trabalho de gravação de um LP no qual Mitch teve participação integral, quando ele ainda assinava John Mitchell. Principalmente porque o tal Fame fazia um sonzinho bem bacana. Outra grande pedida seria o Fiends and Angels de Martha Velez, mas infelizmente não tenho nenhum desses dois discos, então optei por uma coleção de singles do Hendrix e o manjado Ramatam, pelo forte envolvimento dele nesses discos.



MITCH MITCHELL



John "Mitch" Mitchell (9 July 1947 – 12 November 2008) was an English drummer, best known for his work in The Jimi Hendrix Experience. Before the Experience, Mitchell gained experience touring and as a session musician and had starred in a children's television program when he was a teenager. Pre-Experience bands included Johnny Harris and the Shades, The Pretty Things, The Riot Squad and Georgie Fame and the Blue Flames. He had also worked in Jim Marshall's (creator of the Marshall amplifier) music shop in London.

Mitchell was praised for his work with The Jimi Hendrix Experience on songs such as "Manic Depression", "Voodoo Child (Slight Return)", "Fire" and "Third Stone from the Sun". Mitchell came from a jazz background and like many of his drummer contemporaries was strongly influenced by the work of Elvin Jones, Max Roach, and Joe Morello. Mitchell played in Hendrix's Experience trio from October 1966 to mid-1969, his Woodstock band in August 1969, and also with the later incarnation of the "Jimi Hendrix Experience" in 1970 with Billy Cox on bass, known as the "Cry of Love" band. Jimi Hendrix would often record tracks in the studio with only Mitchell[citation needed] and in concert the two fed off of each other to exciting effect. Mitchell played in the band The Dirty Mac assembled for The Rolling Stones Rock and Roll Circus in 1968. Other members included John Lennon as vocalist and rhythm guitarist "Winston Leg-Thigh"; Eric Clapton as guitarist, and Keith Richards as bassist. The group recorded a cover of "Yer Blues" as well as a jam called "Whole Lotta Yoko". Another noteworthy musical collaboration in the late sixties was with the Jack Bruce and Friends band featuring Mitchell along with ex-Cream bassist Jack Bruce, keyboardist Mike Mandel and Jazz-Fusion guitar legend and future The Eleventh House frontman Larry Coryell.



After Hendrix's death, Mitchell (along with engineer Eddie Kramer) finished production work on multiple incomplete Hendrix recordings, resulting in posthumous releases such as "The Cry of Love" and "Rainbow Bridge". In 1972, he teamed up with guitarists April Lawton and Mike Pinera (who would later go on to join Iron Butterfly) to form the quite innovative act Ramatam. They recorded one album and were Emerson, Lake & Palmer's opening act at a number of concerts. Interestingly, Mitchell had been offered the drum spot in ELP during 1970, but turned it down in favour of playing with Hendrix. Ramatam never achieved commercial success and Mitchell left the act before their second LP release. Mitchell also peformed in some concerts with Terry Reid, Jack Bruce, and Jeff Beck (substituting for drummer Cozy Powell, then sick). According to Eddie Kramer's book Hendrix: Setting the Record Straight, Michael Jeffery, Hendrix's manager, an innovator in getting Hendrix promoted and established, relegated both Mitch Mitchell and Noel Redding to the status of mere paid employees without an ownership share in future revenues. This limited their earnings to a very low rate and led to Mitchell and Redding being largely excluded from sharing in future revenues generated from their work with The Jimi Hendrix Experience. This arrangement pressured Mitchell in the mid-1970s to sell a prized Hendrix guitar. In addition, he sold his small legal claim to future Hendrix record sales for a sum reported to be in the range of $200,000. In 1974, he auditioned for Paul McCartney's band Wings, but was turned down in favour of drummer Geoff Britton. For the rest of the '70s through to the '90s, Mitchell continued to perform and occasionally record although essentially doing so under the radar of most of his previous fans. He kept reasonably busy doing occasional session work (such as Junior Brown's "Long Walk Back" album) as well as participating in various Hendrix-related recordings, videos, and interviews. In 1999, Mitchell appeared on the late Bruce Cameron's album, "Midnight Daydream" that included other Hendrix alumni Billy Cox and Buddy Miles along with Jack Bruce, with whom Mitchell had worked after Hendrix's death. Mitchell, seemingly in an attempt to satisfy the most enthusiastic fans of his drum work with Hendrix, even played a series of live shows with the Hendrix emulator Randy Hansen. Most recently, he was part of the Gypsy Sun Experience, along with former Hendrix bassist Billy Cox and guitarist Gary Serkin. He entered semi-retirement living in Europe.



His last days were spent celebrating the music and legacy of Jimi Hendrix on the 2008 Experience Hendrix Tour. For nearly 4 weeks the tour travelled coast to coast in an 18-city tour in the US finishing in Portland. In addition to Mitchell the tour featured Buddy Guy, Jonny Lang, Kenny Wayne Shepherd, Eric Johnson, Cesar Rosas, David Hidalgo, Aerosmith's Brad Whitford, Hubert Sumlin, Chris Layton as well as Eric Gales and Mato Nanji. Five days after the tour ended Mitchell was found dead at appoximately 3 AM 12 November in his room at the Benson Hotel in downtown Portland. Following medical tests, it was revealed by the Multnomah County Medical Examiner's Office that Michell had died, in his sleep, of natural causes. He was the last surviving member of the original Jimi Hendrix Experience. Mitchell was to leave Portland on Wednesday, November 12th, and return to his home in England. The Mitch Mitchell Trust has been established to manage the MMT Drug Rehabilitation Through Music programme based in Bettws, Newport in Wales.
From: Wikepedia.






Jimi Hendrix - The Singles Collection [2003]

[*]


Ramatam - Ramatam [1972]

[*]


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Por tudo, Mitch...obrigada!!!



GRACIAS WOODY, PELOS DOIS ÁLBUNS!!


Que você complete sua passagem entre os planos tranquilamente, livre de angústias e possíveis rancores que viessem a te prender aqui. Só tenho a agradecer a ti e ao Hendrix pelo extraordinário e foderoso som que tanto me acompanhou em todos os momentos da minha vida, felizes ou tristes, duros ou com grana, sãos ou doentes, gozando ou broxando...o som de vcs sempre ali fiel e inseparável, me salvando dos piores instantes em trevas, durante surtos solidões e psicoses...eu realmente não tenho como descrever só em palavras o que significou...o que foi o impacto deste som em mim..não, não dá, por mais que eu tente, nada seria suficiente.
Muitos me perguntam, “qual play tu costuma ouvir mais do Hendrix, Neide?”, eu sempre respondo, “sempre os que tem as jams, independente de nomenclatura, mesmo que nem estejam com datas certas”...ali é que vc sente pra valer a estupenda atmosfera músico-cosmo-orgásmica que os caras conseguiam fazer brotar através das suas ferramentas de alquimia, os instrumentos...é outra coisa durante uma jam, os músicos não estão com “os senhores homens de negócios” ao lado forçando edições com as quais eles não concordariam se não tivessem um contrato assinado, e tal. É como se vc pudesse mesmo visualizar através da audição um olhando pro outro, e dando aquele risinho sacana enquanto viram o som ao avesso e vão se embrenhando puramente pelo instinto criativo, independente de algo previamente ensaiado. Aquele riso, aquela sacada no olhar que os músicos com uma química incendiária como a alcançada entre Jimi Hendrix e Mitch Mitchell conseguiu alcançar tão brilhantemente.

Por motivos óbvios, dedico este post ao querido irmão JHII, pois sei o quanto este som e esta energia significam na sua vida também...
.
Neide


Como você conheceu o Jimi e, de que maneira descobriu que queria tocar com ele? Melhor ainda, como ele descobriu que queria tocar com você?

Mitchell: "(Risos) Bom... Essa pergunta deveria ser feita ao Jimi. Eu estava tocando com uma banda no Reino Unido, fazendo principalmente covers de R&B. O grupo se desfez em uma segunda-feira e, na terça, recebi uma ligação de Chas Chandler (empresário de Jimi) perguntando se gostaria de tocar com o guitarrista que ele trouxera dos EUA. A gente se conheceu em um barzinho vagabundo, e o Jimi estava usando uma capa de chuva da Burbarry . Tocamos algumas coisas do Chuck Berry e as coisas evoluiram a partir dali. Acho que funcionou..."

Existe mais alguém por aí com o mesmo brilho de Hendrix?

Mitchell: "Não. Eu tenho de ser franco em relação a isso. Nunca procurarei alguém igual a ele, pois sei que não existe. É como comparar John Coltrane a Wayne Shorter. Não dá... Nunca seguirei adiante com algum projeto tributo a Jimi, porque as pessoas interpretam as músicas de modos diferentes, e isso é legal, mas não é a mesma coisa. Todos precisam se lembrar que ele não tocava com o amplificador 'no volume 11' o tempo todo. Ele mantinha a dinâmica da guitarra. As pessoas se esquecem disso".



Jimi Hendrix - Drinking Wine Sipping Time

Recorded at Jimi's House,Shokan,NY,July-Sepetember 1969 plus Mike Ehpron sessions Jimi's House,Shokan,NY,13/9/1969.

1. Drinking Wine ( Key To The Highway ) (Jimi Hendrix) 8.22
2. Juma Jam (unknown) 13.14
3. Summer Jam (Jimi Hendrix) 4.30
4. Jimi's Tune (Jimi Hendrix) 4.37
5. Villanova Junction (Jimi Hendrix) 10.23
6. Here Come The Sun (unknown) 4.49
7. Drinking Wine (Jimi Hendrix) 6.12
8. Message To The Universe (Jimi Hendrix) 2.17
9. Jam With Mitch Mitchell (unknown) 12.31
10. Stepping Stone (Jimi Hendrix) 1.29


Jimi Hendrix - Loose Ends

Released February 1974 (1974-02)
Recorded 1968-1970
Label Polydor

Loose Ends is a posthumous studio album by American guitarist Jimi Hendrix, released in February 1974 in the United Kingdom. It was the fourth Hendrix studio album released after his death and was engineered, mixed and compiled by Eddie Kramer and John Jansen.
.
Side one
01. Coming Down Hard on Me Baby
02. Blue Suede Shoes (Carl Perkins)
03. Jam 292
04. The Stars That Play with Laughing Sam's Dice
05. Drifter's Escape (Bob Dylan)
.
Side two
01. Burning Desire
02. I'm Your Hoochie Coochie Man (Willie Dixon)
03. Have You Ever Been to Electric Ladyland

All songs were written by Jimi Hendrix, except where noted.
.
Credits
Jimi Hendrix - guitars, lead vocals, drum on track 2
Billy Cox - bass, backing vocals on track 6
Mitch Mitchell - drums on tracks 1, 3, 4 and 5
Buddy Miles - drums on tracks 2, 6, 7 and 8 (track 8 wiped), backing vocals on tracks 6 and 7
Sharon Layne - piano on track 3
Noel Redding - bass on track 4
.
DOWNLOAD
.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A casada infiel

.

Eu que a levei ao rio,
pensando que era donzela,
porém tinha marido.

Foi na noite de Santiago
e quase por compromisso.
Apagaram-se os lampiões
e acenderam-se os grilos.
Nas últimas esquinas
toquei seus peitos dormidos,
e se abriram prontamente
como ramos de jacintos.
A goma de sua anágua
soava em meu ouvido
como uma peça de seda
rasgada por dez punhais.
Sem luz de prata em suas copas
as árvores estão crescidas,
e um horizonte de cães
ladra mui longe do rio.

Passadas as sarçamoras,
os juncos e os espinhos,
debaixo de seus cabelos
fiz uma cova sobre o limo.
Eu tirei a gravata.
Ela tirou o vestido.
Eu, o cinturão com revólver.
Ela, seus quatro corpetes.
.

Nem nardos nem caracóis
têm uma cútis tão fina,
nem os cristais com lua
reluzem com esse brilho.
Suas coxas me escapavam
como peixes surpreendidos,
a metade cheias de lume,
a metade cheias de frio.
Aquela noite corri
o melhor dos caminhos,
montado em potra de nácar
sem bridas e sem estribos.
Não quero dizer, por homem,
as coisas que ela me disse.
A luz do entendimento
me faz ser mui comedido.
Suja de beijos e areia,
eu a levei do rio.
Com o ar se batiam
as espadas dos lírios.

Portei-me como quem sou.
Como um cigano legítimo.
Dei-lhe um estojo de costura,
grande, de liso palhiço,
e não quis enamorar-me
porque tendo marido
me disse que era donzela
quando a levava ao rio.
.
Federico García Lorca
.

domingo, 2 de novembro de 2008

Fusion for Miles - V.A. [2005]


Fusion for Miles como o nome deixa bem explícito é um tributo a Miles Davis tendo como banda de apoio Alphonso Johnson no baixo, Vinnie Colaiuta na bateria, Deve Liebman no sax e Larry Goldings nos teclados. Mas não é só isso! Para cada faixa específica o grupo é completado por um renomado guitarrista, na verdade trata-se de um tributo de guitarristas à música de Miles Davis. Assim sendo, numa banda desse calibre não poderíamos ter ninguém menos que feras como: Mike Stern, Warren Haynes, Bill Frisell, Bireli Lagrene, Pat Martino, Jeff Richman, Steve Kimmock, Eric Johnson, Bill Connors e o já citado Jimmy Herring. Cada um deles fazendo a sua interpretação de clássicos deste que foi o maior jazzista do seu tempo, um homem que revolucionou a música mais de uma vez, e que é considerado o pai do fusion.






Fusion for Miles - V.A.

Fusion for Miles features some of the greatest names in progressive jazz/ fusion guitar, each paying tribute to master musician and jazz legend Miles Davis, a pioneer of modern jazz and fusion. A gifted composer and powerful band leader, Miles left this world with a legacy of phenomenal compositions, a universal reputation for introducing the world to many important jazz artists who first apprenticed under him, and a vast number of people who were touched by and learned from his stylized harmonic genius. Those musicians, whose music he influenced, were not just trumpet players but nearly all students of jazz and among them are the incredible guitarists who have come together to lift up their guitars as their voices in this unique tribute. FEATURING GUEST GUITARISTS: Eric Johnson, Bill Frisell, Pat Martino, Warren Haynes, Jimmy Herring, Mike Stern, Bill Connors, Steve Kimmock, Bireli Lagrene and Jeff Richman.
Editorial Review from Amazon.com



01 Black Satin Jimmy Herring 6:28
02 Splatch Jeff Richman 5:05
03 Jean-Pierre Eric Johnson 6:23
04 So What Mike Stern 5:53
05 Nefertiti Bill Frisell 5:41
06 Eighty One Bill Connors 6:09
07 Serpents Tooth Pat Martino 5:25
08 It's About That Time Warren Haynes 6:10
09 Back Seat Betty Steve Kimock 6:29
10 Spanish Key Bireli Lagrene 9:12

Vinnie Colaiuta Drums
Bill Connors Guitar
Max Crace Photography
Bill Frisell Guitar
Ralph Gibson Photography
Larry Goldings Organ
Warren Haynes Guitar
Jimmy Herring Guitar
Eric Johnson Guitar
Steve Kimock Guitar
Bireli Lagrene Guitar
David Liebman Saxophone
Tucker Martine Engineer
Pat Martino Guitar
Jeff Richman Guitar, Arranger, Producer, Photography
Dave Stephens Artwork, Graphic Design
Mike Stern Guitar
Paul Tavenner Engineer, Mastering, Mixing
Mike Varney Executive Producer, Concept
Ken Wallace Engineer




[ Fusion for Miles ]



quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Momento

.

. . “Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja...”
.
Clarice Lispector
.

Miles Davis (with John McLaughlin) - Live at Hill Auditorium, Ann Arbor (Michigan, 21/02/1970)

.
Apresentação pescada do Dr. Fusion...



Line-up:

Miles Davis (tp)
Wayne Shorter (ts, ss)
John McLaughlin (g)
Chick Corea (p)
Dave Holland (b)
Jack DeJohnette (d)
Airto Moreira (pc)


Tracks:

01 - It's About That Time (nc) (11:25)
02 - I Fall In Love Too Easily (03:55)
03 - Sanctuary (06:38)
04 - Bitches Brew (nc) (13:31)
05 - Masqualero (14:07)
06 - Theme (01:23)

PARTE 1
.

domingo, 19 de outubro de 2008

Underground Comix Classix – Young Lust #2, por Bill Griffith e outros

.
Copyright 1971 by Roger Brand, Justin Green, Bill Griffith, Jay Kinney, Landon Chesney, Jim Osborne. Published by the Print Mint. 44 pages.
Number 2 in the series started by Bill Griffith and Jay Kinney in 1970. Includes work by Roger Brand, Justin Green, Bill Griffith, Jay Kinney, Landon Chesney, Jim Osborne, Ned Sonntag.

DOWNLOAD
.















Como há citações nessa história, vou inserir um trechinho do texto que já foi postado aqui anteriormente, é bom que já serve pros dois posts (esse e o de baixo):

“Detroit é, até hoje, o coração do meio-oeste norte-americano. Após a Segunda Grande Guerra, a cidade viveu seu “boom” particular. Uma cultura industrial nasceu em torno dessa “máquina”, somando-se a isso a chegada de muitos imigrantes foragidos da Segunda Guerra e da Coréia. Aterrissaram aos montes nas cidades do norte para trabalhar nas fábricas. Nesse cenário, uma nova atitude e uma nova música jovem surgiram. Todos tinham emprego e a cidade prosperava. Talvez por isso, mais do que em qualquer outra cidade americana no mesmo período, os brancos e negros dialogavam abertamente. Detroit era uma cidade operária aberta ao novo, sem distinção de raça ou classe social. No início dos 60 os grandes nomes eram Duane Eddy, the Ventures, Beach Boys do começo, Motown, Stax, Otis Redding até a chegada da invasão inglesa, que incentivou a molecada a fundar bandas e mais bandas.
.
Fundado em Detroit no ano de 64/65 pelo vocalista Rob Tyner (durante a adolescência Tyner pegou emprestado o nome do pianista do John Coltrane, McCoy Tyner, para seu nome artístico) e pelos guitarristas Fred Smith (que tocava bongô antes das cordas) e Wayne Kramer (que ensinou Fred a tocar guitarra), a banda ainda contava com Bob Gaspar na bateria (já falecido) e Pat Burrows no baixo, que não desejavam findar seus dias como operários. Esse primeiro batera saiu reclamando: “Tenho que ficar dando porrada na bateria porque esses caras tocam cada vez mais alto! Tô fora!”. Michael Davis, que não foi o primeiro baixista, só entrou na banda porque usava botinhas iguais às dos Beatles (o que impressionou Kramer) e porque o baixista original ficou passado com Kramer alegando que não queria mais tocar aquela música maluca (a escola de Burrows era mais na praia da Motown, tipo James Jamerson) e caiu fora. Depois aterrissou o batera Dennis Thompson para completar a formação clássica. 'No início, o MC5 era uma banda de covers (que tocava Who, Kinks, Them, Yardbirds, R&B, James Brown, Rolling Stones) com apenas uma canção inédita, a experimental e atonal “Black to Comm”, exatamente a mais “barulhenta”, que tornou-se a música que “expulsou” o baixista e o batera originais.
.
A proposta musical do MC-5 não era só fazer barulho para entorpecer ouvidos, como pode parecer, mas sim trazer a liberdade artística e musical a todos. O conceito deles unificava linguagens aparentemente díspares como o rock and roll básico de Chuck Berry com o “freedom jazz” de figuras como Coltrane, Ornette Coleman, Albert Ayler e do louquíssimo Sun Ra, mais o soul de James Brown, a todo volume! George Clinton, do Funkadelic, comentou certa vez que, ao assistir o MC5 ao vivo, decidiu montar um grupo de negros que tocassem no mesmo volume, com o mesmo tipo de equipamento. Negros que influenciam brancos, que influenciam negros que influenciam...
A casa de shows que mandava na área era a Grande Ballroom, fundada pelo professor de Inglês e História Russ Gibb, que nas horas vagas era D.J. O sonho de Gibb foi trazer à cidade uma espécie de Fillmore, a grande casa de shows de rock da costa oeste dos Estados Unidos. O que faltava para Detroit era um lar para o rock and roll e a primeira banda residente passou a ser os “cinco”.


A cidade ficou de pernas para o ar de uma hora para a outra. O MC5 se fez por lá com shows altíssimos e aterradores. Dennis lembra que eles adoravam tocar em um colégio católico da região porque colocavam no palco cabeçotes com oito caixas Marshall para as guitarras e mais duas cabeças Sunn para o baixo, isso sem microfonação para a bateria, o que obrigava Dennis a esmurrar o instrumento. O resultado de tantos decibéis era uma massa física impulsionada no ar pela força dos alto-falantes. O público adorava e o MC5 também, porque eles viam os chapéus das freiras (tipo Noviça Rebelde) balançarem por causa do impacto dessa massa sonora!
Todo mundo adorava, mas ninguém queria empresariá-los. O único que amou a banda de cara, e decidiu chamar a si essa tarefa, foi o maluquete/saxofonista/hippie John Sinclair que passou a utilizá-los como “pano de frente” da revolução. Sinclair trazia a rodo uma comuna hippie chamada Trans-Love (Energies) porque naquela época era importante fazer parte de uma família “alternativa”, que não fosse a tradicional. Entre 67/68, os Estados Unidos fervilhavam politicamente.

Acreditava-se que a revolução era possível e que estava prestes a acontecer. Nixon e Vietnã. A (re)pressão da polícia acabou sendo tanta que a banda e a comuna se mudaram de Detroit para Ann Arbor, uma cidade bem mais tolerante, a quase cinqüenta quilometros a oeste.
Inicialmente o MC5 comungava com alguns princípios hippies de Sinclair, mas assim que assinaram com a Elektra para o primeiro disco, os Trans-Love foram sendo substituídos por um novo grupo político-reaça e a banda tornou-se a eminência não-parda dos Panteras Brancas (cujo lema era “rock’n’roll, drogas e foder nas ruas”) que, como o nome diz, era a filial “branca-azeda” dos Panteras Negras, partido fundado em 66 para acabar com a discriminação contra os negros na base da violência e da luta armada. O “ministro da defesa” do partido-versão-branca, (listado no disco ao vivo como Pun Plamondon) tentou explodir o escritório de recrutamento da CIA com uma bomba caseira. Os Panteras Negras chamavam essa versão do partido com branquelos revolucionários de “palhaços psicodélicos” e como está no livro Mate-me Por Favor, os MC5 treinavam tiro ao alvo no quintal da casa comunitária em que viviam, mais por diversão e por excesso de barbitúricos na idéia, do que por causas revolucionárias.

No final das contas, para eles, e somente para eles, tudo não passava de diversão. Os shows foram acontecendo, os tumultos na platéia também, o nome da banda foi se espalhando, mas um evento deixou o nome MC5 na história musical e política dos States.
O caos aconteceu no Chicago Festival of Light em agosto de 1968. O cenário era esse: a banda protestava, em um curtíssimo set de apenas cinco músicas, contra a convenção do Partido Democrata que ocorria na cidade. A cena já estava montada quando a banda detonou seu show-protesto e o retorno veio sem se fazer esperar: garrafas voaram, a polícia sedenta por sangue e montada em eqüinos desceu o cacete no povo: power to the people e black is beautiful. A fama estava feita. O romancista Norman Mailer, cobrindo a Convenção para a revista Harper, descreveu o poder sônico dos cinco poeticamente: “As trombetas dos hunos fariam o mesmo barulho?”, além de acrescentar que “O ápice do ruído elétrico tornara-se o clímax eletro-mecânico de toda uma era” (Por Carlos Lopes, no PortalRockPress)