"O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo." ( Friedrich Nietzsche )

terça-feira, 28 de agosto de 2007

La Canción Desesperada, por Neruda

John Ringaud, Sansão quebrando laços

Emerge tu recuerdo de la noche en que estoy.
El río anuda al mar su lamento obstinado.

Abandonado como los muelles en el alba.
Es la hora de partir, oh abandonado !

Sobre mi corazón llueven frías corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cueva de náufragos !

En ti se acumularon las guerras y los vuelos.
De ti alzaron las alas los pájaros del canto.

Todo te lo tragaste, como la lejanía.
Como el mar, como el tiempo. Todo en ti fue naufragio !

Era la alegre hora del asalto y el beso.
La hora del estupor que ardía como un faro.

Ansiedad de piloto, furia de buzo ciego,
turbia embriaguez de amor, todo en ti fue naufragio !

En la infancia de niebla mi alma alada y herida.
Descubridor perdido, todo en ti fue naufragio !

Te ceñiste al dolor, te agarraste al deseo.
Te tumbó la tristeza, todo en ti fue naufragio !

Hice retroceder la muralla de sombra.
anduve más allá del deseo y del acto.

Oh carne, carne mía, mujer que amé y perdí,
a ti en esta hora húmeda, evoco y hago canto.

Como un vaso albergaste la infinita ternura,
y el infinito olvido te trizó como a un vaso.

Era la negra, negra soledad de las islas,
y allí, mujer de amor, me acogieron tus brazos.

Era la sed y el hambre, y tú fuiste la fruta.
Era el duelo y las ruinas, y tú fuiste el milagro.

Ah mujer, no sé cómo pudiste contenerme
en la tierra de tu alma, y en la cruz de tus brazos!

Mi deseo de ti fue el más terrible y corto,
el más revuelto y ebrio, el más tirante y ávido.

Cementerio de besos, aún hay fuego en tus tumbas,
aún los racimos arden picoteados de pájaros.

Oh la boca mordida, oh los besados miembros,
oh los hambrientos dientes, oh los cuerpos trenzados.

Oh la cópula loca de esperanza y esfuerzo
en que nos anudamos y nos desesperamos.

Y la ternura, leve como el agua y la harina.
Y la palabra apenas comenzada en los labios.

Ése fue mi destino y en él viajó mi anhelo,
y en él cayó mi anhelo, todo en ti fue naufragio!

Oh sentina de escombros, en ti todo caía,
qué dolor no exprimiste, qué olas no te ahogaron.

De tumbo en tumbo aún llameaste y cantaste
de pie como un marino en la proa de un barco.

Aún floreciste en cantos, aún rompiste en corrientes.
Oh sentina de escombros, pozo abierto y amargo.

Pálido buzo ciego, desventurado hondero,
descubridor perdido, todo en ti fue naufragio!

Es la hora de partir, la dura y fría hora
que la noche sujeta a todo horario.

El cinturón ruidoso del mar ciñe la costa.
Surgen frías estrellas, emigran negros pájaros.

Abandonado como los muelles en el alba.
Sólo la sombra trémula se retuerce en mis manos.

Ah más allá de todo. Ah más allá de todo.

Es la hora de partir. Oh abandonado !

Heliogravura feita por Baron Frederick Waldeck (1786-1875),
reproduzindo o artista Giulio Pipi, que as fez em 1520, originalmente...
Nem é preciso falar que muitas destas gravuras só não se perderam completamente, no passar dos séculos, graças aos trabalhos dos abençoados copistas... (Neide)
.
Emerge tua recordação da noite em que estou.
O rio reúne-se ao mar seu lamento obstinado.

Abandonado como o impulso das auroras.
É a hora de partir, oh abandonado!

Sobre meu coração chovem frias corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cova de náufragos!

Em ti se ajuntaram as guerras e os vôos.
De ti alcançaram as asas dos pássaros do canto.

Tudo que o bebeste, como a distância.
Como o mar, como o tempo.Tudo em ti foi naufrágio!

Era a alegre hora do assalto e o beijo.
A hora do estupor que ardia como um faro.

Ansiedade de piloto, fúria de um búzio cego
túrgida embriaguez de amor, tudo em ti foi naufrágio!

Na infância de nevoa minha alma alada e ferida.
Descobridor perdido, Tudo em ti foi naufrágio!

Tu senti-se a dor e te agarraste ao desejo.
Caiu-te uma tristeza, Tudo em ti foi naufrágio!

Fiz retroceder a muralha de sombra.
Andei mais adiante do desejo e do ato.

Oh carne, carne minha, mulher que amei e perdi,
e em ti nesta hora úmida, evoco e faço o canto.

Como um vaso guardando a infinita ternura,
e o infinito olvido te quebrou como a um vaso.

Era a negra, negra solidão das ilhas,
e ali, mulher do amor, me acolheram os seus braços.

Era a sede e a fome, e tu foste à fruta.
Era o duelo e as ruínas, e tu foste o milagre.

Ah mulher, não sei como pode me conter
na terra de tua alma, e na cruz de teus braços!

Meu desejo por ti foi o mais terrível e curto,
o mais revolto e ébrio, o mais tirante e ávido.

Cemitério de beijos,existe fogo em tuas tumbas,
e os racimos ainda ardem picotados pelos pássaros.

Oh a boca mordida, oh os beijados membros,
oh os famintos dentes, oh os corpos traçados.

Oh a cópula louca da esperança e esforço
em que nos ajuntamos e nos desesperamos.

E a ternura, leve como a água e a farinha.
E a palavra apenas começada nos lábios.

Esse foi meu destino e nele navegou o meu anseio,
e nele caiu meu anseio, Tudo em ti foi naufrágio!

Oh imundice dos escombros, que em ti tudo caía,
que a dor não exprimia, que ondas não te afogaram.

De tombo em tombo inda chamas-te e cantas-te
de pé como um marinheiro na proa de um barco.

Ainda floris-te em cantos, ainda rompes-te nas correntes.
Oh sentina dos escombros, poço aberto e amargo.

Pálido búzio cego, desventurado desgraçado,
descobridor perdido, tudo em ti foi naufrágio!

É a hora de partir, a dura e fria hora
que a noite sujeita a todos seus horários.

O cinturão ruidoso do mar da cidade da costa.
Surgem frias estrelas, emigram negros pássaros.

Abandonado como o impulso das auroras.
Somente a sombra tremula se retorce em minhas mãos.

Ah mais além de tudo. Ah mais além de tudo.

É a hora de partir. Oh abandonado!

5 comentários:

Sr do Vale disse...

Neide,
A gravura de 1520 sobreviver, tudo bem é possível, o difícel é o autor sobreviver, pois estamos falando da inquisição (dá até arrepios).

Legal a gravura, bela figura, um momento de viagem.

Neide disse...

Olá Sr. do Vale, muito obrigada pela visita!
Mas então, essas gravuras sofreram muitas perseguições, com certeza muitos que tentaram gravá-las passaram pela prisão, até que o Baron Frederick Waldeck reinvidicou o direito da cópia...foram lançadas na França em 1892, isto é, quanto tempo ficaram perdidas...
Pelo menos é isto que fiquei sabendo, a história delas é bem obscura, vou pesquisar mais a fundo e montar um post só sobre elas.

Abraços!

Sr do Vale disse...

Neide, a respeito do convite para ser colaborador do Lágrima Pscodélica, preciso saber se alguém cadastra meu perfil ou eu mesmo entro no blog e me cadastro?

P.S. voce não tem idéia da responsabilidade que está me passando ao convidar-me a fazer parte do L.P., mas já tenho em mente as características das minhas intervenções, com certeza não serão post de RP, vou deixar isto com os outros amigos que detem o conhecimento técnico para faze-lo.

Um gde beijo.
Aguardo resposta.

Neide disse...

Olá, Sr. do Vale,

já encaminhei seu e-mail ao Johnny, e ele lhe enviará o convite para poder postar lá.

Muitos abraços, fico feliz em você ter aceitado!!

Sr do Vale disse...

Neide, não me esquecí de você.
Me perguntou sobre a possibilidade de ilustrar textos, vou responder, mas não agora, em breve.

Abraços.