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Seduzidas, as mulheres mantém encontros furtivos com esta entidade, que ao amanhecer retorna ao fundo dos rios, onde reside.
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Conta-se, que certa ocasião, havia uma tapuia que vivia só em sua palhoça e que de repente começou a emagrecer e entristecer sem aparentar moléstia alguma. Desconfiados que fosse obra do Boto, os homens da tribo fizeram-lhe uma emboscada.
À noite viram chegar ao porto um branco que não era do lugar e dirigiu-se para a choupana. Acompanharam-no e quando ele entrou, de mansinho abriram a palha da parede e viram-no querer deitar-se na mesma rede da tapuia. Então, um tiro o prostrou e arrastando-o para a barranca do rio, confirmaram suas suspeitas, tal homem era realmente o Boto. A autoridade local não fez corpo de delito, pois matar um boto não é crime previsto em lei.
Raul Bopp, um poeta profundamente brasileiro, no "Cobra Norato", refere-se assim, graciosamente, a um caso do Boto:
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- Causo que?
-Qualquerum.
Vou contar causo de boto:
Amor chovi-á
Chuveriscou
Tava lavando a roupa Maninha
Quando o boto me pegou.
-Ó Joaninha Vintem
Boto era feio ou não?
- Aí, era um moço novo Maninha,
tocador de violão...
Me pegou pela cintura...
- Depois que aconteceu?...
Xentes!
Olha a tapioca embolando no tacho!
- Mas que boto safado!"
Desenho retirado da oficina de desenhos River
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Nos conta a poesia, que a pobre cunhã-poranga (moça bonita), por não ter a sorte de possuir um muiraquitã protetor, não conseguiu livrar-se das malhas de sedução do boto.
Nas noites de luar do Amazonas, afirmam alguns, que os lagos se iluminam e pode-se ouvir as cantigas de festas e danças onde o Boto, ou também chamado de Uiara, participa.
Sedutor e fecundador, conta-se que o boto sente o odor feminino a grandes distâncias, virando as canoas em viajam as mulheres. Isso ocorre sempre a noite, e para evitar o boto, deve-se esfregar alho na canoa, nos portos e nos lugares que ele goste de parar.
As primeiras alusões à lenda apareceram em meados do século XIX, inicialmente referentes a sua transformação em uma bela mulher que atraia os moços ao rio, afogando-os, e pouco depois, aparece como o homem-boto nas cercanias do rio.
Sobrexistindo hermafrodita, o mito termina pela fixação morfológica dicotômica em Boto e Mãe D'Água, o cetáceo, restringindo-se às mulheres e a Iara, aos homens.
A inexistência, no Brasil, nos séculos XVI, XVII e XVIII, de entidades com os atributos do boto, faz supor que a lenda seja de origem branca e mestiça, com projeção nas malocas indígenas e ribeirinhas.
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Nas noites de luar do Amazonas, afirmam alguns, que os lagos se iluminam e pode-se ouvir as cantigas de festas e danças onde o Boto, ou também chamado de Uiara, participa.
Sedutor e fecundador, conta-se que o boto sente o odor feminino a grandes distâncias, virando as canoas em viajam as mulheres. Isso ocorre sempre a noite, e para evitar o boto, deve-se esfregar alho na canoa, nos portos e nos lugares que ele goste de parar.
As primeiras alusões à lenda apareceram em meados do século XIX, inicialmente referentes a sua transformação em uma bela mulher que atraia os moços ao rio, afogando-os, e pouco depois, aparece como o homem-boto nas cercanias do rio.
Sobrexistindo hermafrodita, o mito termina pela fixação morfológica dicotômica em Boto e Mãe D'Água, o cetáceo, restringindo-se às mulheres e a Iara, aos homens.
A inexistência, no Brasil, nos séculos XVI, XVII e XVIII, de entidades com os atributos do boto, faz supor que a lenda seja de origem branca e mestiça, com projeção nas malocas indígenas e ribeirinhas.
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O Boto é portanto, o Dom Juan da planície Amazônica. Seu prestígio, longe de diminuir com as dissipações do tempo, ganha novos florões com os casos que todo dia lhe aumentam o lendário e a fé do ofício. O papel que lhe atribuem não difere muito das proezas que assinalaram a famosa personagem de "Tirso de Molina". O asqueroso mamífero misciforme, com aqueles seus dois a três metros de comprimento, com aquele focinho pontiagudo e encabelado, passa por ser um herói mais atrevido, em matéria de amor, de que os tipos de Merimée.
O Boto é hoje um animal em extinção e grande culpa disso é por que o homem lhe conferiu poderes mágicos. Muitos pescadores os capturam para corta-lhes o pênis com a finalidade de fazer um amuleto de "conquista varonil" ou para combater a impotência sexual. Suas nadadeiras também são utilizadas na fabricação de remédios. Seus olhos são usados como atrair as mulheres. Os pajés costumavam realizar rituais para preparar os olhos do animal a ser entregues e usados pelos necessitados.
A crença neste mito está disseminada pela população ribeirinha do Rio Amazonas. O Boto representa o "animus"das mulheres, que faz inter-relação entre o consciente e o inconsciente. O inconsciente masculino é feminino e regido pelo "anima". O "animus" é a figura masculina arquetípica que reflete o princípio masculino nas mulheres. O Boto é este "animus arquetípico" representando tanto o inconsciente individual quanto o coletivo. Sua grande beleza e poder de sedução são explicados, quando entendemos que ele não é um homem e sim a imagem que as mulheres fazem do homem.
O Boto é hoje um animal em extinção e grande culpa disso é por que o homem lhe conferiu poderes mágicos. Muitos pescadores os capturam para corta-lhes o pênis com a finalidade de fazer um amuleto de "conquista varonil" ou para combater a impotência sexual. Suas nadadeiras também são utilizadas na fabricação de remédios. Seus olhos são usados como atrair as mulheres. Os pajés costumavam realizar rituais para preparar os olhos do animal a ser entregues e usados pelos necessitados.
A crença neste mito está disseminada pela população ribeirinha do Rio Amazonas. O Boto representa o "animus"das mulheres, que faz inter-relação entre o consciente e o inconsciente. O inconsciente masculino é feminino e regido pelo "anima". O "animus" é a figura masculina arquetípica que reflete o princípio masculino nas mulheres. O Boto é este "animus arquetípico" representando tanto o inconsciente individual quanto o coletivo. Sua grande beleza e poder de sedução são explicados, quando entendemos que ele não é um homem e sim a imagem que as mulheres fazem do homem.
SIMBOLISMO
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O Boto é símbolo de sedução e energia vital.
Todos os animais aquáticos simbolizam o psiquismo, esse mundo interior e tenebroso através do qual se faz conexão com Deus ou com o Diabo.
De natureza ambígua estes seres se ligam aos rios e oceanos, lugar de todas as fascinações e de todos os terrores, imagem da mãe e da deusa-mãe primitiva em seu aspecto generoso e criador e, ao mesmo tempo, terrível. Mares, rios, são lugares selvagens e inumanos, onde a lógica nunca prevalece. É por isso que todos os mitos e divindades marinhas conservarão sempre um caráter arcaico. Saindo dessa água enigmática, os peixes tornam-se eco deste terror antepassado, que roça o desconhecido.
Autoria: Rosane Volpatto
Todos os animais aquáticos simbolizam o psiquismo, esse mundo interior e tenebroso através do qual se faz conexão com Deus ou com o Diabo.
De natureza ambígua estes seres se ligam aos rios e oceanos, lugar de todas as fascinações e de todos os terrores, imagem da mãe e da deusa-mãe primitiva em seu aspecto generoso e criador e, ao mesmo tempo, terrível. Mares, rios, são lugares selvagens e inumanos, onde a lógica nunca prevalece. É por isso que todos os mitos e divindades marinhas conservarão sempre um caráter arcaico. Saindo dessa água enigmática, os peixes tornam-se eco deste terror antepassado, que roça o desconhecido.
Autoria: Rosane Volpatto
2 comentários:
Diga Neide...
Depois de várias semanas na caverna, resolví sair para tomar ar.
Até quando, não sei.
Muito legal sua série sobre lendas e contos, essa do Boto Cor de Rosa ficou muito legal.
É interessante que nós conhecemos muito bem Frankenstein, Drácula e a Múmia, mas somos um povo zero com nosso folclore.
Seria legal você contar a do Sací, que todo mundo tem com imagem a do "Sítio do Pica-Pau Amarelo", mas que na verdade é uma entidade maligna. Outras muito boas são a da Mula Sem-Cabeça e do Pirarucu, que tem sangue, traição e violência a rodo.
Seria bom para mostrar para o pessoal que não é preciso ir muito longe, se é isso o que se procura.
Beijos e se cuida...
PS: Ah, tô fazendo um tutorial bem legal sobre ripar DVD ou algum capítulo deste, com um software baba de se usar, o Xilisoft DVD Ripper. ;-)
Oi Hazza, você pegou bem o espírito, estou procurando selecionar formas menos convencionais de estudo das lendas. Recebo muito material lá no grupo de xamanismo, e algumas coisas pretendo publicar aqui.
Te agradeço muito pela boa vontade em relação à conversão de dvd, nossa, sou completamente tapada nessa área...rss Apesar que o fofo do Miguel também me mandou algumas dicas, verei se olho com calma hoje. Obrigada Miguel!
Vou torcer pra você sair da sua caverna mais vezes e vir mais aqui!
Beijos, muita saúde pra você!
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