"O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo." ( Friedrich Nietzsche )

domingo, 29 de junho de 2008

Zé Ramalho, Lula Côrtes, Marconi Notaro...

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Querido Michel (Rhapsody)...

Quando seu TCC estiver muito cansativo, ficam aqui algumas belas sugestões com estes álbuns que eu amo para relaxar sua mente...assim suas idéias deslizam melhor para o papel (ou tela)...
Lhe dedico este post com enorme carinho, que você seja iluminado por toda a clareza mental necessária para uma boa conclusão do seu trabalho.
Em anexo a estes álbuns seguem para ti um abraço bem apertado e um beijo forte, selando assim nossa calorosa amizade!!

Felicidades, um ótimo raciocínio e muita sorte, é o que lhe deseja sua amiga “cheia de ópio e absinto” que te adora...rss


Neide

Zé Ramalho em 1974, durante o lançamento do álbum "Paêbiru", Recife / PE“

“A primeira vez que o Brasil ouviu Zé Ramalho da Paraíba
foi na voz de Vanusa, que gravou a canção Avohay em seu disco "Vanusa - 30 Anos", em 1977, pela Som Livre. Um ano após, já sem o 'Paraíba", Zé Ramalho ganhou as paradas nacionais com sua enigmática e encantadora mistura sonora. Antes disso, noi entanto, tão fantástica quanto suas letras, a história de Zé Ramalho registra a gravação de um disco que ficou perdido nos escaninhos do tempo.
Trata-se do raríssimo álbum duplo "Paêbirú", creditado a Lula Cortês e Zé Ramalho, gravado entre os meses de outubro e dezembro de 1974, na gravadora Rozemblit, em Recife (PE). Com eles, estão Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, entre outros. Na época, Lula Cortês tinha em seu currículo o álbum "Satwa" (1973), que trazia canções com título como "Alegro Piradíssimo", "Blues do Cachorro Louco" e "Valsa dos Cogumelos". Zé Ramalho, já tocando com Alceu Valença, tinha em sua bagagem a experiência de grupos de Jovem Guarda e beatlemania, como Os Quatro Loucos, o mais importante de todo o Nordeste.
Clássico do pós-tropicalismo, com (over)doses de psicodelia, o álbum trazia seus quatro lados dedicados aos elementos "água, terra, fogo e ar".
Nesse clima, rolam canções como o medley "Trilha de Sumé/Culto à Terra/Bailado das Muscarias", com seus13 minutos de violas, flautas, baixão pesado, guitarras, rabecas, pianos, sopros, chocalhos e vocais "árabes", ou a curta e ultra-psicodélica "Raga dos Raios", com uma fuzz-guitar ensandecida. E, destaque do álbum, a obra-prima "Nas Paredes da Pedra Encantada, Os segredos Talhados Por Sumé" (regravada por Jorge Cabeleira, com participação de Zé Ramalho), com seu baixo sacado de Goin' Home dos Rolling Stones sustentando os mais pirados 7 minutos do que se pode chamar de psicodelia brasileira.
O disco por si só é uma lenda, mas ficou mais interessante ainda pelas situações que envolveram a sua gravação. A gravadora Rozenblit ficava na beira do rio Capiberibe, e o disco, depois de gravado, foi levado por uma das enchentes que assolavam a região. Conta a lenda que sobraram apenas umas trezentas cópias do disco, hoje nas mãos de poucos e felizardos colecionadores, muitas das quais no exterior, onde foram parar a preço de ouro. Contando com a co-produção do grupo multimídia Abrakadabra, o disco trazia um rico encarte, que também sucumbiu ao aguaceiro.
"Paêbirú", que quer dizer "o caminho do sol" (para os incas), poderia ser o primeiro de uma série de raridades a ganhar a luz do dia, para ocupar uma fatia de mercado que, se pequena comercialmente, é fundamental para a preservação da cultura musical brasileira.”

Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado na revista Showbizz.


Nas Paredes da Pedra Encantada, os segredos talhados por Sumé
(rock-alucinógeno)
(Marcelo - Zé Ramalho - Lula Côrtes)

Quando as tiras do véu do pensamento
Desembocam-se bem no meu espaço
Adquirem poderes quando eu passo
Pela terra: Solar dos Cariris

Há uma velha estranha que me diz
Que o vento se esconde no sopé
Que o fogo é escravo de Pajé
E que a água ia ser cristalizada

Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé

Um cacique de pele colorida
Conquistou docemente o firmamento
Num cavalo voou no esquecimento
Nos saberes eternos de druidas

Pela terra cavou sua jazida
Com as tábuas da Arca de Noé
Como lendas que vem do Abaeté
E com a espada de luz enfeitiçada

Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé
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Zé Ramalho (José Ramalho Neto) - 3.10.49, 7h - Brejo da Cruz, PB - 6s21, 37w30.

-Sol em Libra em conjunção a Mercúrio e Netuno.
-Sol e Mercúrio em quadratura a Urano.

"Declamador, messiânico, místico, esotérico.
Estilo inconfundível, que mistura repentes com tambores marroquinos e Sitar."

-Lua em Aquário em trígono com Urano.

"Sempre contemporâneo, seu público é eclético. Com os amigos Geraldo Azevedo, Alceu Valença e Robertinho do Recife, fizeram a ponte entre as raízes do interior nordestino e os mistérios do Oriente (álbum Paêbiru) que mistura Acordeon, jarros e ritmo hindu."

-Saturno em Virgem (sem aspectos).
-Júpiter em Capricórnio em sextil a Vênus.

Cavalgando trovões enfurecidos
Toma o raio lutando com plutão
Nas estrelas cometas do sertão
Que foi um palco de mouros enlouquecidos

Um altar para deuses esquecidos
Construiu sem temer a lúcifer
No oceano banhou-se na maré
E nas montanhas devorou a madrugada

Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé

Sacrifique o porteiro inocente
E entre os seios da mãe d´água sertaneja
Numa peleja de violas que deseja
Que o sol se derrube lentamente

Que a noite se perca de repente
Num dolente fiado de guiné
Nos cabelos da ninfa: Salomé
E nos espelhos de tez enluarada

Nas paredes da pedra encantada
Os segredos talhados do Sumé

(Zé ramalho & Lula Côrtes)
Faixa 6, transcrita por Hélder Guido



Paêbirú (1974)

1 Trilha de Sumé (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
• Culto à terra (Lula Côrtes - Zé Ramalho)
• Bailado das muscarias (Lula Côrtes - Zé Ramalho)
(Lula utiliza neste álbum um instrumento que lembra cítara chamado Tricórdio,
o qual ele havia trazido do Marrocos na época)
2 Harpa dos ares (Geraldo Azevedo - Zé Ramalho - Lula Côrtes)
3 Não existe molhado igual ao pranto (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
4 OMM (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
5 Raga dos raios (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
6 Nas paredes da pedra encantada, os segredos talhados por Sumé
(Marcelo - Zé Ramalho - Lula Côrtes)
7 Maracas de fogo (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
8 Louvação à Iemanjá • Regato da montanha (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
9 Beira mar (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
10 Pedra templo animal (Zé Ramalho - Lula Côrtes)
11 Sumé (Zé Ramalho - Lula Côrtes)

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“O LP 'No Sub Reino dos Meta-
zoários', de Marconi Notaro, é dos expoentes da cena psicodélica nordestina. Lançado em 1973, enquadra-se na linha de obras como os discos de Lula Côrtes & Lailson - 'Paebirú' e 'Satwa', clássicos da psicodelia nacional.
Ultra-psicodélico em alguns momentos, o disco abre com o samba 'Desmantelado' (composto por Notari em 1968, "nos áureos tempos do Teatro Popular do Nordeste), com o regional formado por Notari, Robertinho de Recife, Zé Ramalho e Lula, entre outros. A segunda faixa, 'Ah Vida Ávida', com 'Notaro jogando água na cacimba de Itamaracá', mais Lula na 'cítara popular' e Zé Ramalho na viola indicam o que vem a seguir, um misto de alucinada psicodelia com pinceladas da mais singela música popular, como o frevinho 'Fidelidade' (... "permaneço fiel às minhas origens, filho de Deus, sobrinho de Satã" ...).
O momento mais radical disco álbum é a quinta faixa, 'Made in PB', parceria de Notaro com Zé Ramalho, um rockaço clássico, destacando a guitarra distorcida de Robertinho de Recife e efeitos de eco. As músicas 'Antropológicas 1' e 'Antropológica 2', como a maioria das outras canções, são improvisos de estúdio, reunindo os músicos já citados, com ótimo resultado sonoro e poético.
Com produção do pessoal do grupo multimídia de Lula Côrtes e sua mulher Kátia Mesel, o disco foi gravado nos estúdio da TV Universitária de Recife e da gravadora Rozenblit, também na capital pernambucana. A capa é um desenho de Lula Côrtes, tão chapado esteticamente quanto o som que o tosco papelão embalava, com uma foto de Marconi Notaro no centro, com o rosto dividido entre a capa frontal e a contracapa.
O álbum, infelizmente, como a maioria do catálogo da Rozenblit permanece inédito, esperando uma cuidada reedição oficial. O LP original é praticamente impossível de ser encontrado, mas uma ótima cópia em CDr já circula no universo de colecionadores. “

Texto de Fernando Rosa, publicado no site Senhor F.
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Made in PB
(Zé Ramalho)

Quando eu vim aqui
Senti uma vontade chorada
Danada de me chegar
Demonstrei o som
Numa sincopada chorada
Danada de executar
Todo mundo ouviu um rock pesado, chorado, danado
Made in PB
Parece um forró
Mas eu lhe afirmo, ciente, descrente do meu amor
Que ele é curtição de couro de bode
Quem pode sacode tudo no chão
Quem ainda não curtiu o rock sem bode
Quem pode se explode
Made in PB
Saltando de lado, catando tostão
Eu tiro da viola tanta distorção
Gastando o sapato no chão do terreiro
A vila curtiu o meu rock brejeiro
A benção, meu senhor, que eu já vou embora, embora
Lá fora tá de queimar
Sele o alazão, beije minha testa
Detesto de testa ter que jogar
Bota no pilão o gosto do rock
Não soque, não toque
Made in PB


No Sub Reino dos Metazoários (1973)

1. Desmantelado
(Marconi Notaro)
2. Ah Vida Ávida
(Marconi Notaro)
3. Fidelidade
(Marconi Notaro)
4. Maracatú
(Marconi Notaro)
5. Made In PB
(Marconi Notaro / Zé Ramalho)
6. Antropológica
(Marconi Notaro)
7. Antropológica II
(Marconi Notaro)
8. Sinfonia Em Ré
(Marconi Notaro)
9. Não Tenho Imaginação Pra Mudar de Mulher
(Marconi Notaro)
10. Ode a Satwa
(Marconi Notaro)

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“Permaneço fiel às minhas origens
Filho de Deus, sobrinho de Satã...”
(Marconi Notaro, em “Fidelidade”)
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"O raro ‘Paêbirú’ com Zé Ramalho é clássico, mas ‘Satwa’, desta vez com Lailson, é outra obra-prima do pernambucano Lula Côrtes, que não merece a obscuridade a que foi submetida por três décadas.
Gravado em 1973, o disco traz a dupla tomada por uma lisergia pós-Woodstock, capaz de assustar incautos ouvintes em pleno 2001. Músicas como ‘Alegro Piradissimo’, ‘Valsa dos Cogumelos’ ou ‘Blue do Cachorro Muito Louco’ não deixa dúvidas sobre o conteúdo do vinil tosco, mas com ótimo som.
Instrumental, com pequenas incursões vocais, o disco traz dez canções "produtos mágicos das mentes e dedos de Lailson e Lula", como diz na contra-capa do álbum, produzido pela dupla, mais Kátia. Além dos de Lula e Lailson, Robertinho de Recife também faz uma ponta no disco, tocando ‘lead guitar’ em 'Blue do Cachorro Muito Louco’, um blues lento e viajandão.
O som predominante do disco, no entanto, é um folk nordestino/oriental, resultado da mistura da cítara popular tocada por Lula, e da viola de 12 cordas de Lailson. Algo como uma sucessão de ragas ou mantras, interpretadas por Cego Aderaldo movido a incenso, cogumelos e outros "expansores da musculatura mental", como diz Arnaldo Baptista.
Fruto da cena nordestina pós-tropicalismo e/ou psicodélica, ‘Satwa’ foi "curtido" nos Estúdios da Rozenblit, em Recife, entre os dias 20 e 31 de janeiro de 1973. Participam do disco, ainda Paulinho Klein, que divide com Lula as "curtições fotográficas" e o engenheiro de som Hercílio Bastos (dos Milagres).
Com tiragem limitada e distribuição basicamente regional, o disco desapareceu tão logo surgiu, permanecendo como uma lenda para o restante do país. Sem reedição em vinil, e inédito em cd, ‘Satwa’ ainda não entrou para o catálogo informal de cdrs que, mal ou bem, democratiza o acesso à história musical do país."

Texto de Fernando Rosa, originalmente publicado no site www.senhorf.com.br


Satwa (1973) - Lula Côrtes & Lailson

01. Satwa
02. Can I Be Satwa
03. Alegro Piradíssimo
04. Lia, a Rainha da Noite
05. Apacidonata
06. Amigo
07. Atom
08. Blue do Cachorro Muito Louco
09. Valsa dos Cogumelos
10. Alegria do Povo

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2 comentários:

Fred Benning disse...

AÊ NEIDE GRANDE POST!
ABRAÇO

Neide disse...

Fala Fred! Valeu irmão, abraço em você e na família, boas energias!