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“A Columbia lançou On The Corner em 1972, mas não o promoveu, e o disco não se saiu tão bem quanto achei que ia sair. A música se destinava aos jovens negros, mas a empresa a tratou como mais um disco de jazz e a anunciou assim, promovendo-a nas estações de rádio de jazz. Os garotos negros não ouve essas estações; ouve as de rhythm
and blues e algumas de rock. A Columbia fez o marketing pro pessoal do jazz antigo, que não curtia o que eu fazia agora, pra começar. Era simples perda de tempo tocar pra eles; queriam ouvir minha música antiga, que eu não tocava mais. Por isso não gostaram de On the Córner, o que eu não esperava que gostassem; não fora feito pra eles. Este se tornou outro ponto sensível em meu relacionamento com a Columbia, e os problemas realmente já se acumulavam a essa altura.. Um ano depois, quando Herbie Hancock lançou seu disco Headhunters, que vendeu como pão quente na comunidade negra jovem, todos na Columbia disseram:
- Ah. Era disso que Miles falava!
Mas era tarde demais pra On the Córner, e ver como Headhunters vendia só me deixou mais puto. (Vide Post On the Corner e On the Corner Sessions)
- Ah. Era disso que Miles falava!
Mas era tarde demais pra On the Córner, e ver como Headhunters vendia só me deixou mais puto. (Vide Post On the Corner e On the Corner Sessions)
Enquanto me recuparava do acidente de carro (vide post “Get Up With It”), estudei muito mais os conceitos musicais de Stockhausen. Me aprofundei cada vez mais na idéia da apresentação como um processo. Sempre compusera de uma forma circular, e através de Stockhausen via que não queria nunca mais voltar a tocar de oito em oito compassos, porque jamais concluo as músicas; elas seguem sempre em frente. Algumas pessoas nessa época achavam que eu tentava fazer coisas demais, coisas novas demais. Achavam que eu devia ficar onde estava, parar de escrever, parar de tentar diferentes tipos de coisas. Mas pra mim isso não serve. Só porque tinha quarenta e sete anos em 1973, isso não significava que devia me sentar numa cadeira de balanço e parar de pensar em como continuar a fazer coisas interessantes. Tinha de fazer o que fazia, se queria continuar me julgando um artista criativo.
Através de Stockhausen, compreendi a música como um processo de eliminação e acréscimo. Como o “Sim”, que só significa alguma coisa depois que se diz “Não”. Eu fazia muitas experiências. Por exemplo, mandava o conjunto tocar ritmo, mantê-lo e não reagir ao que acontecia; a reação ficaria comigo. De certa forma, me tornava a voz líder do conjunto, e achava que havia conquistado esse direito.
Através de Stockhausen, compreendi a música como um processo de eliminação e acréscimo. Como o “Sim”, que só significa alguma coisa depois que se diz “Não”. Eu fazia muitas experiências. Por exemplo, mandava o conjunto tocar ritmo, mantê-lo e não reagir ao que acontecia; a reação ficaria comigo. De certa forma, me tornava a voz líder do conjunto, e achava que havia conquistado esse direito.
Stockhausen, Darmstadt, 1968
Os críticos me irritavam, dizendo que eu perdera a embocadura, que queria ser jovem, que não sabia o que estava fazendo, que queria ser como Jimi Hendrix, ou Sly Stone, ou James Brown.
Mas com a entrada de Mtume Heath e Pete Cosey no conjunto, a maioria das sensibilidades européias deixara o grupo. Agora o conjunto se apoiava numa coisa africana profunda, um profundo clima afro-americano, com muita ênfase nos tambores e no ritmo, e não nos solos individuais. Desde o tempo em que me tornara íntimo de Jimi Hendrix, queria esse tipo de som, porque a guitarra pode levar a gente fundo no blues. Mas já que não podia ter Jimi ou B.B.King, tinha de me contentar com o segundo melhor músico da praça, e a maioria era branca na época. Os guitarristas brancos – pelo menos a maioria – não sabem tocar guitarra rítmica como os pretos, mas eu não encontrava um só cara preto que tocasse como eu queria que não estivesse liderando seu próprio conjunto. (Continuou assim até eu conseguir meu atual guitarrista, Foley McCreary). Experimentei Reggie Lucas (hoje um grande produtor de discos, responsável pelos discos de Madonna), Pete Cosey (que se aproximava na guitarra de Jimi Hendrix e Muddy Waters), e um cara africano chamado Dominique Gaumont.
Eu tentava explorar um acorde com esse conjunto, um acorde da música, tentanto fazer todos dominarem coisinhas simples como ritmo. Pegávamos um acorde e o fazíamos durar cinco minutos com variações, cruzamento de ritmos, coisas assim. Digamos que Al Foster tocava em 4/4, Mtume em 6/8 ou 7/4, e o guitarrista compondo em outra marca de tempo, ou num ritmo inteiramente diferente. Era muita coisa intrincada que púnhamos num único acorde. Mas música é matemática de fato, sabe? Contar batidas e tempo: coisas assim. E depois eu tocava acima e abaixo e através de tudo isso, e o pianista e o baixista tocavam outra coisa. Todos tinham de estar atentos ao que outros faziam. Na época, Pete me dava aquele som de Jimi Hendrix e Muddy Waters que eu queria, e Dominique aquela coisa africana. Acho que poderia ter sido um conjunto realmente bom se tivéssemos continuado juntos, mas não continuamos. Minha saúde estava muito complicada.”
("Miles Davis, a Autobiografia", by Miles and Quincy Troupe - pp. 288, 289)
Os críticos me irritavam, dizendo que eu perdera a embocadura, que queria ser jovem, que não sabia o que estava fazendo, que queria ser como Jimi Hendrix, ou Sly Stone, ou James Brown.
Mas com a entrada de Mtume Heath e Pete Cosey no conjunto, a maioria das sensibilidades européias deixara o grupo. Agora o conjunto se apoiava numa coisa africana profunda, um profundo clima afro-americano, com muita ênfase nos tambores e no ritmo, e não nos solos individuais. Desde o tempo em que me tornara íntimo de Jimi Hendrix, queria esse tipo de som, porque a guitarra pode levar a gente fundo no blues. Mas já que não podia ter Jimi ou B.B.King, tinha de me contentar com o segundo melhor músico da praça, e a maioria era branca na época. Os guitarristas brancos – pelo menos a maioria – não sabem tocar guitarra rítmica como os pretos, mas eu não encontrava um só cara preto que tocasse como eu queria que não estivesse liderando seu próprio conjunto. (Continuou assim até eu conseguir meu atual guitarrista, Foley McCreary). Experimentei Reggie Lucas (hoje um grande produtor de discos, responsável pelos discos de Madonna), Pete Cosey (que se aproximava na guitarra de Jimi Hendrix e Muddy Waters), e um cara africano chamado Dominique Gaumont.
Eu tentava explorar um acorde com esse conjunto, um acorde da música, tentanto fazer todos dominarem coisinhas simples como ritmo. Pegávamos um acorde e o fazíamos durar cinco minutos com variações, cruzamento de ritmos, coisas assim. Digamos que Al Foster tocava em 4/4, Mtume em 6/8 ou 7/4, e o guitarrista compondo em outra marca de tempo, ou num ritmo inteiramente diferente. Era muita coisa intrincada que púnhamos num único acorde. Mas música é matemática de fato, sabe? Contar batidas e tempo: coisas assim. E depois eu tocava acima e abaixo e através de tudo isso, e o pianista e o baixista tocavam outra coisa. Todos tinham de estar atentos ao que outros faziam. Na época, Pete me dava aquele som de Jimi Hendrix e Muddy Waters que eu queria, e Dominique aquela coisa africana. Acho que poderia ter sido um conjunto realmente bom se tivéssemos continuado juntos, mas não continuamos. Minha saúde estava muito complicada.”
("Miles Davis, a Autobiografia", by Miles and Quincy Troupe - pp. 288, 289)
At the Philharmonic Hall (29/09/1972)
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Performers
Miles Davis - Trumpet
Carlos Garnett - Soprano & Tenor Saxophone
Cedric Lawson - Electric Piano, Synthesizer
Reggie Lucas - Guitar
Khalil Balakrishna - Electric Guitar
Michael Henderson - Electric Bass
Al Foster - Drums
Badal Roy - Tablas
James Mtume - Percussion
Disc 1: "FOOT FOOLER" IN CONCERT, PARTS 1 & 2
1. Rated X 12:16
2. Honky Tonk 9:18
3. Theme from Jack Johnson 10:12
4. Black Satin/The Theme 14:14
Download
Disc 2: "SLICKAPHONICS" IN CONCERT, PARTS 3 & 4:
1. Ife 27:53
2. Right Off/The Theme 10:30
Download
Miles Davis - Trumpet
Carlos Garnett - Soprano & Tenor Saxophone
Cedric Lawson - Electric Piano, Synthesizer
Reggie Lucas - Guitar
Khalil Balakrishna - Electric Guitar
Michael Henderson - Electric Bass
Al Foster - Drums
Badal Roy - Tablas
James Mtume - Percussion
Disc 1: "FOOT FOOLER" IN CONCERT, PARTS 1 & 2
1. Rated X 12:16
2. Honky Tonk 9:18
3. Theme from Jack Johnson 10:12
4. Black Satin/The Theme 14:14
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Disc 2: "SLICKAPHONICS" IN CONCERT, PARTS 3 & 4:
1. Ife 27:53
2. Right Off/The Theme 10:30
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“Recorded a few months after the sessions for On the Corner. Most of these musicians played some part in the June sessions, but the September tour was where these men were first assembled together as a working band. This concert in New York, according to Peter Losin's sessionography, was just the sixth live gig for the band (following one date in Ann Arbor and a 4-day weekend run in Boston), and it does show.
The first set can be a slog, due mainly to a muddy sound and some occasionally dull beats laid down by Al Foster & Co. There are times when the percussion just seems not quite engaged with the bass or soloists, isn't tight on the transitions between pieces, or doesn't quite have the funky edge that the music requires. I think Miles probably instructed Foster to stay locked into a groove, as he told his drummers to do in the studio in June, and Foster tried to follow orders but hadn't played most of the material enough to get a real *feel* for doing it right. (No slam intended. Listen to the shows from '73-75, and you'll hear that Foster would get a feel for what Miles wanted to do with the funk better than any drummer Miles ever had.) The section that works best on Disc 1 is the opener, "Rated X," which the band actually did get to work out together in the studio earlier in the month.
Foster and the rhythm section come out in much better form for the second set, opening with "Ife," another number Foster, Henderson, Mtume, and Badal Roy had played together, back in June. That's the highlight of the concert for me. As the band navigates the shifts in dynamics, tempo, and mood through the piece, and transitioning into "Right Off" to close the show, you can hear the future of how Miles' band and music would come together in the next few years.
The concert isn't an essential recording. None of the soloists besides Miles really stand out; sometimes they can be prone to noodling. The sound is so muddy, you really need to listen with headphones or in the middle of a surround system to appreciate what the band is doing. However, Miles is in good form, and as usual everything has a way of clicking together when guided by the phrasing of his horn. It's fun tuning in closely to Michael Henderson's bass, as well. Even at this early stage, he's on it.
One beautiful thing about Miles is how a career that seems to take such twists and turns, through so much music which sounds so strangely different from what came before or after, really does link together. The more connecting threads you discover, the better you realize it, and the greater your understanding and appreciation of even the most familiar, major works. Here is another small piece to the puzzle.”
Review by Rateyourmusic
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