Em 1930, começou o trabalho no filme que viria a ser ‘L’Idée’, adaptado de um livro ‘woodcuts’ publicado anos antes por Frans Masereel. Bastante famosos nos anos 20 na Alemanha, consta que o famoso filme de Walter Ruttman ‘Berlin: Sinfonia de uma cidade’ foi totalmente retirado de um desses livros, chamado ‘A cidade’. Masereel trabalhou com Bartosch no inicio, mas depois de descobrir o tedioso trabalho que é a animação acabou por desistir e assim Bartosch trabalhou sozinho durante 2 longos anos, tendo como bancada as placas de vidro que usava para animar. 45.000 imagens foram animadas com sabão e iluminadas por lâmpadas de 100 watts.
Bartosch foi das primeiras pessoas a mostrar que a animação podia ser poética. A ‘L’Idée’ seguiu-se o trabalho ‘Nuit dans le mont chauve’ de Alexandre Alexeïeff e Claire Parker (1934), os dois grandes marcos da animação enquanto forma de elaborada expressão artística. Este é o unico filme que sobrevive de Bartosch. Mais tarde faria ‘Cosmos’, um filme de 109 minutos que foi totalmente destruido pela Gestapo. Sem dúvida um dos grandes e mais negligenciados gênios da animação.
De 1935 a 1939 Bartosch trabalhou em um filme pacifista, "St. Francis" ou "Pesadelos e Sonhos". Quando os nazistas invadiram Paris, ele depositou o filme na Cinemateca Francesa. O filme foi destruído durante a ocupação nazista, e sobreviveram apenas poucas imagens.
Em 1948, trabalhou durante um ano para a UNESCO em Paris sob direção de George Dunning, um animador britânico conhecido por seu trabalho no filme de animação Yellow Submarine (filme), de 1968. Falece em 13 de novembro de 1968.
O filme
Em “L’Idée’ (A Ideia), a mulher nua que nos é apresentada não é mais uma exploração do corpo feminino, e sim a representação física de uma “Ideia”, a personificação da ‘verdade nua’, aquela frente à qual trememos mesmo estando tão habituados a todo o género de violência. O filme demonstra como a ideia, no sentido filosófico da palavra, nasce de um jovem idealista e como ele a tenta espalhar, como é rejeitada e ostracizada pela sociedade e obrigada a ‘vestir-se’, como ao
mesmo tempo protege os sonhadores e idealistas e, finalmente, como é aceita e espalhada pelo mundo através de todos os meios de comunicação fazendo tremer os mais poderosos! Sem o ver, é difícil acreditar na densidade poética deste filme, no seu elaborado e esmerado trabalho artístico.
Os personagens e cenários foram desenhados em várias camadas de tipos diferentes de papel, do mais transparente até um tipo de cartão grosso. Efeitos especiais como halos, fumaça e neblina foram feitos com espuma espalhada em chapa de vidro e iluminados por trás. O filme foi baseado em um livro de recortes em madeira de Frans Masereel. A Idéia foi realizado com trilha sonora do compositor Arthur Honegger incluindo um Ondes Martenot, o qual acredita-se ser o primeiro de um instrumento musical eletrônico na história do cinema. Neste trabalho Honegger realiza uma sobreposição das etéreas tonalidades do Martenot com sonoridades jazzísticas mais urbanas.
Bartosch provavelmente terá morrido a murmurar ‘pode-se fazer tudo com sabão’…(por Jorge Amaro)
Fontes: http://www.claricehadalittlelamb.net/?p=201
http://pt.wikipedia.org/wiki/Berthold_Bartosch
http://www.hypervoid.net/blog/
ELA PERSEGUE SEU CAMINHO ATRAVÉS DOS SÉCULOS
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