"O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo." ( Friedrich Nietzsche )

terça-feira, 28 de abril de 2009

TRISTEZAS DA LUA








Por: Charles Baudelaire






Divaga em meio à noite a lua preguiçosa;
Como uma bela, entre coxins e devaneios,
Que afaga com a mão discreta e vaporosa,
Antes de adormecer, o contorno dos seios.





No dorso de cetim das tenras avalanchas,
Morrendo, ela se entrega a longos estertores,
E os olhos vai pousando sobre as níveas manchas
Que no azul desabrocham como estranhas flores.





Se às vezes neste globo, ébria de ócio e prazer,
Deixa ela uma furtiva lágrima escorrer,
Um poeta caridoso, ao sono pouco afeito,





No côncavo das mãos toma essa gota rala,
De irisados reflexos como um grão de opala,
E bem longe do sol a acolhe no seu peito.






Charles-Pierre Baudelaire (Paris, 9 de Abril de 1821 — Paris, 31 de Agosto de 1867) foi um poeta e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do Simbolismo, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX.
Fonte: Wikipédia





MANGÁ NÃO É HENTAI, MAS PODE SER



Outro dia quando a Neide ainda aparecia por aqui para conversar com os amigos (e já faz tempo, né dona Neide?), estávamos falando sobre quadrinhos quando a conversa descambou para um lado oriental e percebi que ela fez uma pequena confusão entre mangá e hentai, pois falava-mos de arte erótica a qual ela se referiu como mangá, um equívoco bastante comum, pois muita gente faz essa confusão. Na verdade, Neide não estava totalmente errada porque um mangá pode ser erótico, mas não necessariamente.


O mangá ou manga (漫画), em japonês significa história em quadrinhos, é também um estilo característico de desenhar e teve origem no século VIII D.C. Porém, o traçado que conhecemos hoje surgiu no início do século passado através do magaka (desenhista de mangá) Osamu Tezuka, que por sua vez foi influenciado pelo famoso desenhista ocidental Walt Disney, de quem Tezuka emprestou a forma exagerada de desenhar as características faciais (olhos, boca, sobrancelhas e nariz) a fim de dar mais expressividade aos personagens. Dessas características a mais observada hoje em dia são os olhos grandes, presença praticamente obrigatória em quase todos os mangás. Creio que essa influência explica a grande questão indagada por muitos: se os personagens são orientais, por que diabos os olhos são tão grandes? Agora você já sabe!


Já o hentai (変態) é o termo japonês usado para designar desenhos de teor pornográfico. Nos países ocidentais é usado para se referir em especial à pornografia nos estilos japoneses de desenho (mangá) ou animação (anime). Acredita-se que o foi inspirado na arte erótica existente no Japão desde o período Edo, que ocorreu de 1600 a 1867. Naquela época, eram comuns gravuras tradicionais, conhecidas como ukiyo-e, que tratavam sobre todos os temas, inclusive o sexo e a nudez. Estas eram conhecidas como shunga, e utilizadas como manual para instruir recém-casados na prática do sexo, ou como objeto para auxiliar a masturbação. Muitas vezes, coleções de shunga eram dadas como presente de casamento para serem usadas na lua-de-mel.


Bom, acho que isso elucida de forma breve a questão entre mangá e hentai. Mas se você ainda tem dúvidas, ponha na cabeça o seguinte: pode-se presentear uma criança com um mangá, mas nunca com um hentai! Querendo conhecer mais sobre o assunto, consulte a Wikepédia (mangáhentai) onde se encontra uma abordagem mais profunda sobre o tema.


Para ilustrar essa didática, aqui vai um divertido hentai, que encontrei num site japonês, não me lembro quando (faz um tempão) nem onde, mas é bem bacaninha para cacete.



THE BIDET



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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Gov't Mule - Live at the House of Blues [2001]



Bootleg do Gov't Mule, gravado no House of Blues de New Orleans, em Outubro, de 2001.
Excelente qualidade de som, registrando um momento de grande inspiração da banda.






Gov't Mule Live at House Of Blues
Recorded 2001 - 10 - 27 New Orleans , LA

Bootleg
@ 180kbps

Source: Mastered From The Original Soundboard Dat

Warren Haynes - guitar & vocals
Matt Abts - drums
Dave Schools - bass
Chuck Leavell - keyboards


[*]




CD - 1 -
01. Goin' Out West *
02. World Gone Wild *
03. Fire In The Kitchen *>
04. Beautifully Broken *
05. Sco-Mule *
06. Fallen Down *>
07. The Other One jam *>
08. Fallen Down outro*
09. Rocking Horse *>
10. 30 Days In The Hole *

CD - 2 -
01. Wandering Child **
02. Tear Me Down **
03. Since I've Been Loving
You **
04. Left Coast Groovies **>
05. Compared To What *
06. Bad Little Doggie *>
07. Blind Man In The Dark *
08. Mule *>Third Stone
Jam *>
09. Norwegian Wood tease *>
10. Third Stone jam *> Mule
outro *
encore :
11. - crowd -
12. Keyboard intro > Soulshine *

* Dave Schools on bass
** Oteil Burbridge on bass
*** Chuck Leavell & Dave
Schools, partial, no lyrics

Soundcheck: Fire In The Kitchen,
Miss You ***, Beautifully Broken





Biografia Gov't Mule publicada em 06/04/06 no site Whiplash.net:



"MUSIC FO' YO' ASS"
Por Marcos A. M. Cruz




MAIO DE 1994 : após mais uma apresentação num clube em Los Angeles, Warren Haynes e Allen Woody, respectivamente guitarrista e baixista do "The Allman Brothers Band" , resolvem prosseguir numa "jam-session", e eis que sobe ao palco o batera Matt Abts... após tocarem algum tempo, Warren olha para Woody e pensa "ele está certo, eis o homem que precisávamos...". O fato é que havia já algum tempo que ambos estavam pensando em retomar o som dos "power-trios" tão em voga durante as décadas de 60 e 70 e eis que durante uma conversa surgiu a idéia de se criar um projeto paralelo ao ABB:

[Warren] ...eu, você e o baterista certo...

[Woody] ...sim, eu, você e Matt Abts...

...nascido em Oklahoma (30/09/1953) e tendo viajado por praticamente todos os EUA morando em diversas bases militares (o pai de Matt era tenente do exército), até se radicar definitivamente em Virgínia aos 16 anos, e começado sua carreira tocando em bares, tendo ao pouco se consolidado como músico de apoio, inclusive tocado junto com gente do cacife de Ronnie Montrose , Mick Taylor (ex-Rolling Stones) e Chris Anderson. Em meados de 1985 toca por algum tempo na banda de Dickey Betts, onde fica conhecendo Haynes e...

... Allen Woody, nascido em Nashville (03/10/1955), tendo participado de diversas bandas regionais de country-rock e blues, incluindo "The Artimus Pyle Band". Chegou também a participar de uma turnê da banda de Peter Criss. Porém, foi atuando como músico de estúdio que conheceu um guitarrista que mais tarde iria convidá-lo para tocar no Allman Brothers. Seu nome: Warren Haynes...

... nascido em Asheville (06/07/1960) Haynes começou à atuar como músico profissional aos dezesseis anos de idade tocando em algumas bandas locais, tendo permanecido por algum tempo numa banda chamada "Ricochet", que chegou à atingir algum sucesso regional, até que em 1980 recebe um convite de David Allan Coe (famoso músico de country-rock norte-americano) para tocar em sua banda. Através dele fica conhecendo Dickey Betts e Gregg Allman ,quando abriram um show dos Allman Brothers em Atlanta. Dickey fica impressionado com o estilo do jovem guitarrista. Em 1984 ,após excursionar por todos os EUA e Europa, Warren retorna à Nashville para fazer alguns trabalhos como músico de estúdio, na mesma época em que Dickey estava por lá gravando um álbum solo, e precisava de algumas pessoas para atuarem como "backing vocals", e eis que Warren foi um dos escalados. Ao vê-lo, Dickey perguntou: "o que faz aqui?". Warren respondeu: "vou ser um dos backing-vocals". Dickey então disse: "ok, trouxe sua guitarra?" . Warren respondeu que não e ambos começaram à rir. Prosseguiram nos trabalhos, e mais tarde Dickey convidou Warren para trabalhar em algumas músicas, que acabaram sendo inclusas no álbum "Pattern Disruptive". Greg também gostou do guitarrista, tendo inclusive gravado uma faixa de sua co-autoria (Just before the bullets fly), e quando o Allman Brothers foi reformulado em 1989 Warren foi chamado para ser o guitarrista da banda, função que com o passar do tempo foi se ampliando, até o ponto de estar atuando nos vocais e compondo. Além disso, Warren tocou como músico de estúdio em vários discos e lançou um disco solo em 1993 (veja relação ao final).

Após este contato inicial ,começam a ensaiar, e eis que um dia Jaimoe (baterista do Allman Brothers), após assistir a um desses ensaios, sugere adotarem o nome "Gov’t Mule", ao que a banda prontamente aceita. Nas palavras de Haynes "este nome pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes; por outro lado serve perfeitamente para nos descrever - somos como um indolente, trabalhador e não-glorioso animal!". (Embora não haja uma tradução apropriada para a língua portuguesa, Gov’t Mule significa algo próximo a "mula de carga").

Fizeram sua primeira apresentação em 12/05/94 no The Palamino, Hollywood CA, mesclando composições próprias com alguns covers (Mr. Big, Little Red Rooster, Killing Floor), porém com uma roupagem totalmente diferente (podemos até dizer, "com uma roupagem à la Gov’t Mule"), característica que se manteve até hoje, haja visto a quantidade de versões que costumam tocar ao vivo (War Pigs do Black Sabbath, Thick As A Brick do Jethro Tull, My Generation do The Who etc). Com isto surgiu uma outra peculiaridade da banda, o fato de praticamente não repetirem nenhum set, tornando cada show uma experiência única para os presentes. Evidentemente os fãs mais "hardcores" e principalmente aqueles completistas teriam motivos de sobra para arrancar os cabelos, afinal é virtualmente impossível acompanhar todas as apresentações da banda! Porém outra característica peculiar do pessoal é permitir que todos os shows sejam gravados pelos fãs! Embora não se trate de uma prática nova, afinal o pessoal do Grateful Dead já fazia isto desde a década de 60, o Gov’t Mule é a primeira banda que além de fazer isto, ainda cede espaço no seu site oficial na Internet para os fãs trocarem gravações!

No ano seguinte lançam seu primeiro auto-intitulado cd pela Relativity Records, contando com três releituras - dentre elas uma canção ,"a capella", do bluesman Son House - gravado praticamente ao vivo (com exceção de alguns poucos overdubs - descritos no encarte do cd!). Um dos pontos altos é "Trane" - inspiradíssimo instrumental baseado e em homenagem a John Coltrane - um dos ídolos de Haynes.

Prosseguem fazendo shows que vão se tornando cada vez mais concorridos, até que no início de 1996 lançam seu primeiro registro ao vivo, o "Live at Roseland Ballroom", gravado na noite de Ano Novo de 95/96 (totalmente sem overdubs), numa turnê conjunta com o pessoal do Blues Traveler. Abrem com uma versão ampliadíssima (16:34min) e cheia de improvisos de "Trane", passando por uma releitura de "Don’t Step On The Grass, Sam" (do Steppenwolf), culminando com outra versão inspiradíssima de "Mule".

"Táis pronto prô coice da mula?" (frase ouvida na fila da bilheteria)

Em 1996 vêm ao Brasil para se apresentar no Nescafé & Blues Festival, fazendo três apresentações , uma no Palace em São Paulo dia 30/05, e além de canções próprias coverizam "Mr.Big" do Free, "Don’t step on the grass, Sam" do Steppenwolf, "Presence of the Lord" do Blind Faith e "Just Got Paid" do ZZTop. Dia 31 é a vez do Canecão ,no Rio em 31/05, onde vamos ouvir dentre outras Mr.Big/Presence of the Lord e "End of the line" dos Eagles. Por fim, em Salo de Atos ,em Porto Alegre dia 01/06, onde, além de tocarem os covers já citados ,ainda incluem Born under a bad sign (versão à la Cream) e Never in my life (Mountain).

Ainda em 1996 Haynes é eleito pela segunda vez consecutiva "best slide guitarrist" ,pela conceituada Guitar Player americana, pelo seu trabalho no Gov’t Mule. Isto aliado à crescente fama angariada pelo trio culmina numa inversão de valores, pois inicialmente tanto Haynes quanto Woody viam a banda como um projeto paralelo ao Allman Brothers Band, e no final estavam dedicando menos tempo a esta última. Com isto resolvem deixar os Allman definitivamente em Abril de 1997.

Neste mesmo ano assinam com a Capricorn Records, e gravam mais um cd de estúdio, desta vez produzido por Michael Barbiero (Soundgarden, Gun’s Roses, Blues Traveller). Lançado em fevereiro de 1998, Dose possui mais uma canção "à capella" ("John The Revelator"), instrumentais intrigantes ("Thelonius Beck" - homenageia Thelonius Monk e Jeff Beck!), covers inusitados ("She Said She Said" dos Beatles), e pela primeira vez uma doce e lírica canção encerrando o cd - "I Shall Return". Um detalhe interessante deste trabalho é que há uma edição limitada em vinil com uma faixa a mais!

Ainda neste ano gravam "Gonna send you back to Georgia" para um tributo ao bluesman Hound Dog Taylor, lançado pela Alligator Records.

Novamente na noite de Ano Novo fazem mais uma apresentação memorável, desta vez no "The Roxy" em Atlanta, que rende mais mais um cd (desta vez duplo) ao vivo: "Live... With A Little Help From Our Friends", lançado pela Capricorn no início de 1999. Possui boa parte do show (afinal foram mais de 4 horas de duração!). Porém os fãs mais radicais não ficam inteiramente contentes, e eis que dia 16 de novembro deste mesmo ano soltam no mercado um box set contendo o show na íntegra (veja review).

Atualmente Allen e Matt estão envolvidos num projeto paralelo, o "BlueFloyd" - no qual juntamente com Marc Ford, Johnny Neel e Berry Oakley Jr. se dedicam a tocar covers do Pink Floyd em versão "bluesy"... enquanto isto Warren Haynes ao que se sabe está tirando algumas férias ao lado da família... por pouco tempo, pois o próximo álbum de estúdio do Gov't Mule está programado para ser lançado no início de março de 2000... e logo após a banda sairá em turnê mundial... tomara que retornem ao Brasil!

Nota: Bem... o texto acima é de 2006 e o projeto "BlueFloyd" não aportou por aqui, mas a "Mula" ainda vive e está andando por aí, quem sabe ainda não pasta por aqui? (Woody)

domingo, 26 de abril de 2009

A moça mostrava a coxa


A moça mostrava a coxa,
a moça mostrava a nádega,
só não mostrava aquilo
– concha, berilo, esmeralda –
que se entreabre, quatrifólio,
e encerrra o gozo mais lauto,
aquela zona hiperbórea,
misto de mel e de asfalto,
porta hermética nos gonzos
de zonzos sentidos presos,
ara sem sangue de ofícios,
a moça não me mostrava.
E torturando-me, e virgem
no desvairado recato
que sucedia de chofre
á visão dos seios claros,
qua pulcra rosa preta
como que se enovelava,
crespa, intata, inacessível,
abre-que-fecha-que-foge,
e a fêmea, rindo, negava
o que eu tanto lhe pedia,
o que devia ser dado
e mais que dado, comido.
Ai, que a moça me matava
tornando-me assim a vida
esperança consumida
no que, sombrio, faiscava.
Roçava-lhe a perna. Os dedos
descobriam-lhe segredos
lentos, curvos, animais,
porém o maximo arcano,
o todo esquivo, noturno,
a tríplice chave de urna,
essa a louca sonegava,
não me daria nem nada.
Antes nunca me acenasse.
Viver não tinha propósito,
andar perdera o sentido,
o tempo não desatava
nem vinha a morte render-me
ao luzir da estrela-d'alva,
que nessa hora já primeira,
violento, subia o enjoo
de fera presa no Zôo.
Como lhe sabia a pele,
em seu côncavo e convexo,
em seu poro, em seu dourado
pêlo de ventre! mas sexo
era segredo de Estado.


Como a carne lhe sabia
a campo frio, orvalhado,
onde uma cobra desperta
vai traçando seu desenho
num frêmito, lado a lado!
Mas que perfume teria
a gruta invisa? que visgo,
que estreitura, que doçume,
que linha prístina, pura,
me chamava, me fugia?
Tudo a bela me ofertava,
e que eu beijasse ou mordesse,
fizesse sangue: fazia.
Mas seu púbis recusava.
Na noite acesa, no dia,
sua coxa se cerrava.
Na praia, na ventania,
quando mais eu insistia,
sua coxa se apertava.
Na mais erma hospedaria
fechada por dentro a aldrava,
sua coxa se selava,
se encerrava, se salvava,
e quem disse que eu podia
fazer dela minha escrava?
De tanto esperar, porfia
sem vislumbre de vitória,
já seu corpo se delia,
já se empana sua glória,
já sou diverso daquele
que por dentro se rasgava,
e não sei agora ao certo
se minha sede mais brava
era nela que pousava.
Outras fontes, outras fomes,
outros flancos: vasto mundo,
e o esquecimento no fundo.
Talvez que a moça hoje em dia...
Talvez. O certo é que nunca.
E se tanto se furtara
com tais fugas e arabescos
e tão surda teimosia,
por que hoje se abriria?
Por que viria ofertar-me
quando a noite já vai fria,
sua nívea rosa preta
nunca por mim visitada,
inacessível naveta?
Ou nem teria naveta...

Carlos Drummond de Andrade
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